SERVIÇOS DIGITAIS SIMPLIFICAM A VIDA DOS FARMACÊUTICOS, AVALIA DIRETOR DO CRF-MT
O farmacêutico Ednaldo Anthony de Jesus Silva é conhecido em Mato Grosso sobretudo por sua militância acadêmica. É professor universitário de longa data e um dos mais ferrenhos defensores da manutenção do ensino presencial nos cursos de graduação da área da saúde. Ele também vem se destacando como diretor-tesoureiro do CRF-MT e fala com orgulho dos feitos da Diretoria, que adotou o conceito de profissionalização da gestão e hoje está colhendo os frutos do trabalho desenvolvido pelo presidente Alexandre Henrique Magalhães e sua equipe, além de muitos elogios da categoria farmacêutica. Nesta entrevista, Ednaldo fala das inovações tecnológicas implantadas pelo CRF-MT, da participação do Regional no Fórum dos Conselhos de Classe e também sobre o início de sua carreira como servidor público de um hospital.
– Parece que o atendimento via online reduziu, acentuadamente, o fluxo de farmacêuticos que lotavam a recepção, e também descongestionou as linhas telefônicas do CRF. O senhor confirma isso?
Graças a Deus, todo o esforço que a gente tem feito nesses anos de gestão começaram a dar resultado. Recentemente estivemos dando uma aula em um curso de pós-graduação na Faculdade do Pantanal, em Cáceres, e a devolutiva que tivemos da categoria foi maravilhosa. Recebemos elogios pela celeridade dos processos e emissão das certidões de regularidade. Muitos serviços que antes tinham que ser feitos presencialmente hoje funcionam online. Desde que a pessoa tenha uma internet boa para fazer a navegação, ela agora consegue emitir a sua certidão de regularidade na sua própria empresa. Nós hoje temos 2 sistemas em que estamos trabalhando, que é o CRF ONLINE e o Sistema Participar, em que o foco principal é a ouvidoria. Através dele a nossa gestão busca a excelência no atendimento, incluindo a prestação de serviços em geral que antigamente eram presenciais e hoje podem ser todos executados virtualmente.
– Isso é bom não apenas para os farmacêuticos, mas também para o Conselho, correto?
Sim, porque flexibiliza os recursos humanos que nós temos, para atuarem em outras frentes que a demanda do Conselho requer. De uma certa forma também gera economicidade, uma vez que nós não precisamos mais nos deslocar às localidades longínquas, como fazíamos através do Conselho Itinerante, em que mobilizávamos pessoas e o Conselho ia até as cidades distantes para levar seus serviços. Muitas vezes, porém, mesmo com tudo planejado, por razões orçamentárias não conseguíamos cumprir tudo que era previsto. Atendíamos algumas regiões mas outras ficavam desassistidas. E agora, pelo fato de você poder utilizar os mesmos serviços tudo de maneira online, você já economiza recurso da autarquia e, principalmente, recursos do colega farmacêutico, que não precisa mais se deslocar da cidade dele até Cuiabá para obter documentos ou informações.
– É verdade que os farmacêuticos hoje também estão pagando menos custos de serviços que antigamente?
Com a disponibilização dos serviços via online, é preciso reconhecer que os farmacêuticos passaram a ter muito mais benefícios e pagam menos custos de serviços. E sabemos que os custos de serviços pesam no bolso, não apenas do farmacêutico mas de qualquer trabalhador. Os Conselhos de classe de um modo geral, e o nosso, principalmente, estão buscando esta reformulação orçamentária, pois sabemos da importância de se ofertar um serviço de qualidade para o nosso farmacêutico. Queremos que os farmacêuticos tenham benefícios, pois eles já pagam as anuidades, tanto as pessoas físicas quanto jurídicas, e o abuso das cobranças às vezes onera muito a categoria. Nós gestores precisamos ter esta sensibilidade, e os Conselhos estão adotando este planejamento orçamentário. A gente quer reformular, reduzir gastos, reduzir custos, até porque sabemos que iremos perder uma boa fatia de arrecadação que há um tempo atrás estava na previsão orçamentária.
– Com tanta inovação em tão pouco tempo, os farmacêuticos estão familiarizados com essas novas ferramentas?
Estamos em fase de implementação, e inclusive isso será pauta nas próximas reuniões de Diretoria, para ver se podemos ter indicadores de gestão dessas ferramentas, de qualidade, crescimento e tudo mais. Para nós gestores é importante termos esse feedback, porque, afinal de contas, a gente investiu pesado na implantação desses atendimentos online. Toda a implantação do Sistema Participar, por exemplo, não foi gratuito, tem um investimento do Conselho. Mas já conseguimos visualizar as adesões, e um indicador delas foram, por exemplo, os elogios que recebemos da categoria farmacêutica, dias atrás, durante um evento de pós-graduação no interior do Estado. O pessoal elogiou muito a nossa plataforma de serviços e as ferramentas que temos utilizado.
– Nos fale sobre o Fórum dos Conselhos de Classe de Mato Grosso. Na sua opinião, qual é a importância da participação do CRF-MT nesta entidade?
A principal importância está no fortalecimento das autarquias públicas federais. Porque uma coisa é sermos ouvidos pelo Poder Legislativo, pelo Executivo ou pelo Judiciário apenas como uma autarquia. Quando trabalhamos em conjunto, com a prestação de serviços com qualidade para a população, a união faz a força, e este Fórum dos Conselhos veio com este intuito, de somar as forças dos milhares de profissionais liberais que estão aí no mercado, haja vista que nós temos Conselhos da área de saúde, O CREA e muitos outras entidades com experiência, que às vezes vivenciam as mesmas angústias e os mesmos anseios que a gente. Destacamos que o Fórum não é restrito à participação dos Conselhos Regionais da Saúde. Nada impede a participação dos Conselhos Regionais das outras áreas, tendo em vista que uma das pautas que a gente defendeu em nossa última reunião foi justamente a taxação em torno do licenciamento ambiental. Portanto, já temos várias proposituras, inclusive uma carta a ser encaminhada para o governador do Estado, e também iremos apresentá-la aos deputados na Assembleia Legislativa, informando que a nossa entidade existe e se reúne de maneira ordinária uma vez por mês com seus representantes para discutir temas sobre as mais diversas causas possíveis.
– Em suas reuniões mais recentes o Fórum tem aprofundado discussão em torno da tributação excessiva do licenciamento ambiental. Tem algum outro tema emergente?
Sim. Já na reunião de fevereiro tivemos discussões sobre processos licitatórios, e inclusive já tivemos a presença da Dra. Juliana Zafino Isidoro Ferreira Mendes, advogada do Conselho Regional de Educação Física e do Conselho Regional de Medicina Veterinária, que gratuitamente ofereceu toda a sua expertise na área de atuação para capacitar os nossos funcionários. E de forma gratuita. Como se pode ver, nós só temos benefícios com essa união dos Conselhos de Classe. Porque é uma via de mão dupla, em que todos saem ganhando. Saem ganhando os nossos colaboradores, a Diretoria, os Conselheiros e, principalmente, a população, que terá um serviço de credibilidade prestado por todos esses órgãos, de maneira consensual, de modo bem transparente, como a população merece ser tratada. Transparência em gestão é isso que eles buscam, e é o que a gente tem feito, e cada vez mais nos profissionalizando para levar serviços de qualidade à sociedade.
– Vocês já foram até à Secretaria de Meio Ambiente e à Vigilância Sanitária do Estado para debater sobre licenciamento ambiental. Também pretendem se reunir com o governador do Estado?
Com certeza. A ideia é mostrarmos ao governador Mauro Mendes, que assumiu a pasta recentemente, que esse Fórum existe, e qualquer assunto que seja debatido , de interesse de qualquer um desses membros que têm voz e voto no Fórum, que seja discutido com a categoria antes de ser votada qualquer matéria em detrimento à categoria e também em detrimento à população. Então a ideia é nos unirmos, nos fortalecermos, mostrar a eles, do Executivo e do Legislativo, que nós estamos aí para ajudá-los, para cooperar com a governabilidade, de modo a prestarmos todos um serviço de qualidade à população.
– E assuntos para discutir com os representantes do Executivo e Legislativo é o que não falta, né. O ensino à distância na área da saúde também pode ser tratado com eles?
É bem provável que nas próximas reuniões venham temas como este dos EADs. É uma problemática que temos vivenciado muito e que já foi tema de várias reuniões em que defendemos o ensino presencial. Eu enquanto representante da Comensino, a Comissão de Ensino do Conselho Federal de Farmácia, defendo a bandeira da presencialidade. Não tem como você formar médicos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas ou qualquer outro profissional da área da saúde na modalidade totalmente virtual. A população, inclusive, tem que se sensibilizar com isso, pois ela sofre sérios riscos, como o de perder a vida de seus entes queridos. Uma coisa é você usar a ferramenta tecnológica como um adicional de aprendizagem, e outra coisa é você deixar ela funcionar 100% virtual. É muito difícil. Sem contar que você perde o lado humanístico de formação. Então, assim, esta é uma das outras pautas que a gente vai discutir de maneira ostensiva, e eu tenho certeza que desse fórum vão sair proposituras muito interessantes. Vale lembrar que na carta que escrevemos para ser apresentada ao governador e à Assembleia Legislativa já tem este encaminhamento, em que os Conselhos defendem o ensino presencial, destacando sempre que não somos contra a ferramenta tecnológica, mas que seja um acréscimo na rotina do graduado, e não representar 100% do ensino principal, pois isso traria sérias consequências para a população.
– A próxima reunião do Fórum dos Conselhos, quando será?
Nós temos uma pauta já definida. Toda reunião ocorre na última semana de cada mês. Em torno do dia 25 ou 26. Geralmente é uma segunda-feira. Além dos temas mencionados anteriormente, tem outro tópico para nós muito importante. que é a profissionalização da gestão. Sempre buscamos isso desde que assumimos a gestão do Conselho 6 anos atrás, assim como a garantia de transparência da gestão em atendimento à Lei de Acesso à Informação. Porque o farmacêutico tem que saber onde está sendo empregado o recurso das anuidades que ele paga para a autarquia, e neste sentido a gente vem fortalecendo muito a nossa fiscalização. Estamos hoje com um quadro de fiscais novos e concursados, que também estão somando com um potencial enorme em termos de contribuição, já que a principal ação do Conselho é fiscalizar o exercício profissional e defender a população dos maus profissionais, bem como garantir a assistência à saúde. Não medimos esforços para disponibilizar todo o recurso financeiro necessário para atender à demanda.
– A sua militância acadêmica ajuda no cumprimento das missões que o senhor abraçou como causa?
Sim. Por onde eu estou a gente acaba levando conhecimento e levando também o papel primordial das autarquias, para que eles entendam essa diferença entre as atribuições do Conselho, as atribuições do sindicato e atribuições das associações, que são coisas distintas, não dá pra misturar. Então eles têm que ter clareza na função de cada órgão, de cada entidade, para que não se jogue a culpa neste ou naquele, mas saibam buscar a solução para os seus problemas atuais, e neste sentido toda a Diretoria do Conselho tem se empenhado em dar essa informação, a tratar a categoria como ela merece ser tratada.
– Mudando de assunto, como vai a sua vida profissional de servidor público de hospital?
Eu tive a grata satisfação de ter sido aprovado no concurso público em 2018 e assumi em maio. É uma outra área em que os farmacêuticos podem atuar, e que eu estou gostando muito, que é o ambiente hospitalar. É o exercício da farmácia clínica, cuidar do paciente e de toda a logística de assistência de farmácia que a gente desenvolve lá dentro, desde a gestão, processo de aquisição, enfim. Eu também estou participando de uma comissão de padronização de materiais e insumos do município, e é bem provável que irei participar, ainda, da comissão de padronização dos medicamentos, que é a Remume. Então, a gente tem contribuído com o pronto-socorro em diversas frentes. Não só no atendimento, no cuidado ao paciente, mas com todo o ciclo logístico da assistência farmacêutica. Desde o processo de aquisição, distribuição, dispensação, uso, orientação . Há muitos projetos que a gente pretende estar desenvolvendo lá, e tudo isso tem sido muito gratificante para mim, porque uma coisa é você viver a teoria, e outra coisa é o mundo prático. São duas coisas completamente diferentes. A área hospitalar para mim é uma novidade. Eu já lecionei nesta área, mas quando se vai para o mundo prático a gente enfrenta escassez de recursos, dificuldades administrativas, problemas de recursos humanos, dificuldade de gestão de pessoas mesmo. E isso às vezes impacta muito no serviço. Mas uma coisa é fato: o Sistema único de Saúde é lindo e é um serviço humanizado. As pessoas que ali estão, e eu falo com total confiança, que eles prestam um serviço em prol da população, porque se a gente pensar na remuneração em si, muitos não estariam ali. Quando eu falo isso não me refiro apenas aos farmacêuticos, mas à equipe multiprofissional que cuida da saúde da população de Várzea Grande, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, etc.
– Dizem que o senhor também está lá por paixão. Esta informação procede?
É uma vantagem enorme ser concursado e assumir este novo desafio, mas se a gente pensar apenas no salário, a gente constata que o salário é baixo. Mas a gratidão que nós temos de servir ao outro é maior. Iniciei a docência em 2004. Portanto tenho experiência de 15 anos, aproximadamente. Atualmente leciono na Unic, nos cursos de Farmácia e Medicina, e também sou professor da Univag em Medicina. Inclusive eu gostaria de parabenizar a todo o corpo docente da Univag, que nós recebemos o conceito 5 do MEC, recentemente. Então a Univag tem despontado muito na formação de novos médicos para atender às necessidades do mercado, e coincidentemente, olha só que interessante, Deus vai unindo o jogo de quebra-cabeça, né. Porque hoje, além da área acadêmica que eu desenvolvo, eu tenho meus alunos que fazem estágio lá no pronto-socorro. Frequentemente a gente se encontra no corredor e eles vêm tirar dúvidas, questionar e fazer discussão clínica de pacientes. Tudo isso está sendo muito prazeroso. Além do lado laboral, braçal propriamente dito, eu também tenho a parte acadêmica, que estou conseguindo conciliar com as atividades que desenvolvo no pronto-socorro.
– E tem os compromissos junto ao Conselho Regional de Farmácia, não é mesmo?
Pois é. Tem, ainda, a função de gestor e diretor-tesoureiro do Conselho. É uma baita responsabilidade, haja vista que nós temos auditorias constantes, tanto por parte do Conselho Federal de Farmácia quanto por parte do órgão de controle externo, que é o Tribunal de Contas da União. Mas, para nós que trabalhamos com compromisso perante a categoria farmacêutica, buscando uma prestação de serviço de qualidade, não temos nada a temer, até porque o que fazemos são cargos honoríficos isentos de qualquer provento salarial. O que a gente faz é com amor, porque queremos que a profissão farmacêutica chegue ao seu patamar, lá em cima, sendo reconhecida por todas as categorias, e o profissional farmacêutico tem hoje mais de 135 áreas de atuação profissional regulamentada pelo Conselho Federal de Farmácia, e é nossa função, enquanto gestor, defender o interesse da categoria e, principalmente, garantir a assistência farmacêutica à sociedade.
– Como foi, exatamente, que o senhor, com tantas atribuições, passou também a fazer parte da Diretoria do Conselho?
A minha vida, enquanto profissional que quer contribuir com a sua categoria de origem, ela iniciou na comissão de ética profissional. Então, eu fui membro na comissão de ética na gestão do Dr. José Ricardo, e também na gestão do Dr. Adonias. Anteriormente eu também já havia sido membro da comissão de ensino na gestão do Dr. Adonias. Foram, portanto, duas comissões nas quais eu me destaquei trabalhando pela categoria farmacêutica e pela sociedade do nosso Estado. Depois disso, eu me candidatei e coloquei meu nome para apreciação da categoria para o cargo de conselheiro, e obtive êxito. Entrei em 2014 como diretor, mas já estava como conselheiro, anteriormente, e aí, logo em seguida, surgiu a oportunidade, por desejo da categoria, que eu fosse diretor, e então coloquei meu nome para apreciação, e logo em seguida assumimos a gestão. Na época era o Dr. Alexandre como presidente, eu como tesoureiro, a Dra. Ilza Marta e a Dra. Tânia Trevisan. Focamos na profissionalização da gestão, sempre com compromisso e competência, visando trazer benefícios para a categoria farmacêutica. Logo em seguida tivemos, também, a mudança da gestão, e nós continuamos, tanto o Dr. Alexandre quanto eu nos mesmos cargos, mudando apenas a vice-presidência. Inicialmente quem veio colaborar conosco e fez um excelente trabalho como vice-presidente foi o Dr. Glauco Monteiro, e destacamos também o excelente trabalho da Dra. Tânia Trevisan como secretária-geral. Ela fez um brilhante trabalho, muitos serviços prestados à categoria. Há de se lembrar desses nomes, que fizeram e fazem história, porque são pessoas extremamente comprometidas com a categoria farmacêutica assim como o Dr. Alexandre, eu e os demais que aí se dedicam, tempo e família, trabalho, pra poder ver essa profissão cada vez mais enaltecida. Neste meio termo nós já estamos no segundo mandato, com 5 anos de serviços prestados, mas, no meu caso, estou no terceiro biênio, sendo 8 anos de conselheiro.
– Tiveram muitas dificuldades neste período, principalmente o senhor como tesoureiro, confere?
Quando assumimos a gestão nós já sabíamos desse desafio orçamentário, que era enorme. Sabíamos que, por meritocracia, o Conselho tem muitos bons profissionais das diferentes áreas técnicas e com expertises diferentes e com competência, que devem ser remunerados por prestação de serviços. Sabíamos que nos depararíamos com uma folha de pagamento alto, atrelado aí à inadimplência, que naquela época, quando assumimos, era altíssima também, beirando a asa dos 25%. E fora isso, todo investimento que tínhamos que fazer na fiscalização, na educação continuada, nós de fato tivemos algumas dificuldades orçamentárias. Porém, a parceria com o Conselho Federal, através do seu presidente, Dr. Walter Jorge João, e esse alinhamento político propiciou muitos ganhos para o nosso Regional. Tivemos, inclusive, financiamento para ampliação de sede e palestrantes renomados vindo a Mato Grosso a custo zero para o Regional. Teve, então, muita coisa interessante.
Por Luiz Perlato/CRF-MT
Em 18 03 2019