Remédio pode aumentar risco de sangramentos gastrointestinais
Fonte: Folha de S.Paulo
O risco de sangramentos levou a uma redução do uso preventivo de aspirina em pessoas sem histórico de doenças cardíacas, segundo Raul Dias dos Santos, diretor científico da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).
“Porém, já se sabe que para quem teve um evento cardiovascular, como infarto ou AVC, o tratamento com aspirina é obrigatório. Como o risco de um novo problema é grande, os benefícios superam os riscos e o é possível reduzir a mortalidade”, afirma.
O uso em eventos cardiovasculares agudos também está consagrado.
O problema é indicar o remédio para quem tem fatores de risco, mas nunca teve nenhuma complicação, a chamada prevenção primária.
Nesses casos, a aspirina pode diminuir o risco relativo de um evento cardiovascular em 25%, mas, afirma Santos, hoje é possível ter um benefício similar controlando a hipertensão e o colesterol com drogas mais inócuas.
“Na prática, pessoas com formação de placas de gordura nas artérias poderiam se beneficiar da prevenção diária com aspirina, mas pacientes mais velhos, fumantes e/ou com diabetes são os que têm maior indicação”, diz o cardiologista.
No entanto, esses pacientes são também as pessoas a ter mais sangramentos como efeito colateral, provavelmente porque têm aparelho digestivo mais sensível. “É uma conta difícil de fazer.”
Em ambos os casos, os benefícios na redução dos eventos cardiovasculares devem superar os riscos de hemorragias gastrointestinais.
“Se somarmos os benefícios que o remédio faz ao coração e poderia fazer para o câncer, seríamos capazes matar dois coelhos com uma cajadada só, já que as doenças cardiovasculares e o câncer são as duas principais causas de mortalidade”, diz Santos.
O uso da aspirina é contraindicado em algumas situações como hipersensibilidade conhecida ao medicamento, úlcera ativa e doenças graves do fígado.