Pesquisa para diagnosticar Alzheimer pela saliva avança
Ainda neste ano, pesquisadores brasileiros pretendem já ter validado um método capaz de identificar a doença de Alzheimer pela saliva. O estudo foi iniciado em 2007 e é coordenado pelo farmacêutico bioquímico Gustavo Alves. Gustavo é professor e pesquisador do Centro universitário Senac e faz pós-doutorado na faculdade de medicina da Universidade de São Paulo em, Ribeirão Preto. A equipe pretende confirmar os resultados promissores já alcançados até agora. A pesquisa é considerada inédita por oferecer uma alternativa aos métodos convencionais de identificação do Alzheimer.
“A saliva é um material facilmente coletado, não tem dor, não risco de infecção, diferente do liquor, que é doloroso e expõe o idoso a risco de infecção. E a saliva contém vários elementos que até pouco tempo atrás a própria ciência desprezava, do ponto de vista de uso para diagnósticos. Então, através da saliva a gente conseguiu identificar duas proteínas, que é a proteína TAU e a proteína Beta amilóide, que estão diretamente relacionadas com a formação das placas senis e dos emaranhados neurofibrilares da doença de Alzheimer. Além dessa pesquisa na saliva a gente associou a pesquisa com biomarcadores sanguíneos que tem uma correlação direta com o surgimento da doença”, detalha o farmacêutico.
Em meados de agosto do ano passado, os pesquisadores buscavam novos investimentos para dar prosseguimento ao trabalho. E o resultado desse esforço começa a surtir efeito. Por meio de uma startup, o grupo têm mantido contato com investidores brasileiros e estrangeiros. A ideia agora é desenvolver, em breve, um produto de diagnóstico para ser adquirido e comercializado.
“O nosso cronograma agora para esse primeiro semestre é a chegada dos kits, onde a gente vai validar o método de análise da saliva pra então partir para a próxima fase que seria desenvolver o diagnóstico, o produto específico de análise pela saliva através de um produto que não existe ainda. Portanto, o próximo passo é justamente a chegada dos kits, a realização dos testes em 180 voluntários: 60 pessoas sem a doença abaixo de 60, 60 sem a doença acima de 60 e 60 com a doença acima de 60. A partir desse resultado, vamos validar um método e a partir desse método vamos buscar desenvolver um modelo específico para a saliva para a que a gente possa então apresentar esse produto como uma novidade no mercado”.
A ideia é que o novo método permita também identificar a possibilidade de a pessoa desenvolver Alzmeimer no futuro. Já que as proteínas relacionadas à doença começam a se acumular no cérebro das pessoas aproximadamente 30 anos antes dos primeiros sintomas. O Alzheimer é uma espécie de demência que compromete a memória e ocasiona alterações comportamentais que se agravam ao longo do tempo e ainda não tem cura. O diagnóstico é complexo e envolve avaliações diversas.
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