Participação surpreende organizadores do Fórum Mato-grossense de Educação Farmacêutica
Por: Luiz Perlato (FOTOS: Yosikazu Maeda/CFF e Luiz Perlato/CRF-MT)
Fonte: CRF-MT
Público lotou as dependências do CRF-MT, que elogiou a comissão organizadora pelo sucesso do evento e agradeceu aos 180 participantes.
Com um surpreendente número de participantes nos dois dias de realização, aconteceu em Cuiabá-MT, no último final de semana, o I Fórum Mato-grossense de Educação Farmacêutica, que definiu as propostas de Mato Grosso para o Congresso Nacional do setor, que irá ocorrer em junho, em Salvador-BA.
O fórum foi promovido pelo Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT) e pela Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (Abef), com o apoio da UNIC e do Sindicato dos Farmacêuticos de Mato Grosso (Sinfar-MT), atendendo a uma convocação do Conselho Federal de Farmácia (CFF), como parte dos preparativos para o Congresso Brasileiro de Educação Farmacêutica (Cobef), na Bahia. No sábado (21), os participantes se reuniram no auditório da Universidade de Cuiabá (UNIC) e, no domingo (22), no auditório do CRF-MT.
Quando os organizadores do Congresso Brasileiro em Salvador se reunirem para encaminhar o evento, eles terão em mãos um documento com o pensamento de Mato Grosso, para ser discutido na ocasião e também para ser defendido, como proposta, em Brasília. Será feito um relatório consolidado dos trabalhos para a comissão assessora de ensino farmacêutico do CFF (CAEF). Junto com a ABEF, a CAEF organizará o Congresso em Salvador.
Dos 200 mil farmacêuticos existentes em todo o Brasil, cerca de 4 mil atuam em Mato Grosso, e as projeções apontam que o mercado continua aberto. O eixo de alimentos é o mais novo de todos no curso de farmácia e foi incluído na pauta do Fórum tendo em vista que Mato Grosso é um Estado agropecuário, em que as indústrias estão se instalando e há necessidade de profissionais capacitados nesta área. Foi discutida a formação do farmacêutico, de acordo com o perfil do egresso, para atuar no setor, e qual deverá ser a competência e a habilidade a ser buscada para que o profissional possa ocupar o mercado de trabalho nesta área.
DESTAQUES
Um dos destaques no primeiro dia do Fórum Mato-grossense foi a presença ilustre do presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, que fez um discurso emocionante na abertura do evento, sobre os avanços pelos quais a profissão vem passando. Em sua fala ele ponderou sobre a necessidade de se propor estratégias para melhorar a educação farmacêutica no país. Walter Jorge parabenizou a Diretoria do CRF-MT, na pessoa de seu presidente, Alexandre Magalhães, pela iniciativa em realizar o evento, e ressaltou a representatividade do conselheiro federal do Estado, José Ricardo Amadio, no Plenário do CFF, também presente no Fórum Estadual de Educação Farmacêutica.
Na abertura do Fórum a professora e vice-presidente do CRF-MT, Ilza Martha de Souza, fez uma palestra sobre as diretrizes curriculares e o mercado de trabalho farmacêutico, e o professor Iberê Ferreira da Silva Junior, que é conselheiro do CRF-MT e um dos membros da Comissão organizadora do Fórum, fez uma apresentação sobre as premissas para elaboração das novas diretrizes curriculares nacionais.
Iberê lembrou que hoje a formação farmacêutica é dividida em três grandes áreas de conhecimento – medicamentos, análises clínicas e alimentos. “As análises clínicas são uma área não privativa do profissional farmacêutico, mas é um campo onde os profissionais de farmácia podem atuar, e por isso esta é uma área que atrai muitos acadêmicos, interessados em atuar em laboratórios”, disse ele.
O professor Iberê também falou sobre as atribuições da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), que ele representa em Mato Grosso. Ele explicou que a SBAC é uma entidade científica sem fins criativos, que tem mais de 40 anos de criação, com sede no Rio de Janeiro e espalhada por todo o Brasil através de suas regionais. O objetivo principal da entidade é desenvolver as análises clínicas no Brasil bem como os laboratórios clínicos, bem como aumentar e garantir a qualidade da prestação de serviço na atenção primária à saúde dos pacientes. Hoje na sociedade temos em torno de 20 mil sócios, sendo que 70% são farmacêuticos. Então a sociedade hoje é composta, em sua grande maioria, por farmacêuticos, atuantes em laboratório clínico.
PERSPECTIVAS DA PROFISSÃO
Mato Grosso tem 13 faculdades de farmácia e tem mais uma faculdade em processo de abertura. Com a experiência de mais de 20 anos de profissão, a professora Márcia Maria de Souza Americano assinala que é muito importante delimitar tudo isso muito bem, para que os cursos formem profissionais com o enfoque necessário para que ocupem verdadeiramente o seu espaço.
A maioria dos farmacêuticos formados em Mato Grosso foi aluno da professora Márcia, que transmitiu uma mensagem para os acadêmicos. Segundo ela, que também integrou a comissão organizadora do Fórum, o aluno tem que fazer o diferencial. “Nós, enquanto professores, apenas mostramos o caminho”, disse ela, acrescentando que esse diferencial fará com que cada um encontre o seu espaço na profissão.
Para Márcia Americano, ser farmacêutico generalista é uma vantagem que antigamente não existia. “Eu venho de uma época em que cada faculdade tinha um enfoque: um era analista clínico, outro era mais do setor de medicamento, como manipulação, e do setor de alimentos pouco se falava. Mas a formação generalista acaba incentivando o farmacêutico nessa ampla, porque somos profissionais com uma gama de conhecimento muito grande, e isso faz com que a gente consiga atuar em várias áreas do mercado”, ponderou a professora, que integrou a comissão organizadora do Fórum.
A professora Ângela Maria Nolasco Teixeira, representante da Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF) e membro da comissão organizadora do Fórum, observa que sempre fez o melhor pelos farmacêuticos da UNIC, onde ela é a coordenadora do curso. Mas ela destacou que as atuais diretrizes dos cursos de farmácia são de 2002, e algumas coisas precisam ser revistas. “O aspecto mais importante do Fórum em Mato Grosso foi a discussão das diretrizes curriculares. Nosso evento esteve focado nessas discussões, para tentarmos identificar o que precisa mudar. As discussões irão gerar uma nova visão, um novo rumo para o curso de farmácia”, avaliou a professora.
AGRADECIMENTOS DO CRF-MT
Para o presidente do CRF-MT, Alexandre Henrique Magalhães, o Fórum foi um sucesso total. Ele agradeceu a participação de todos e o empenho dos membros da comissão organizadora e também destacou a representatividade das instituições de ensino. “Tivemos a participação de praticamente a metade das instituições de ensino do Estado de Mato Grosso. O nosso fórum superou as expectativas, e a comissão organizadora está de parabéns pelo trabalho desenvolvido, que inclusive foi elogiado pelo doutor Walter Jorge. Só temos a agradecer pelo empenho de todos. Parabéns aos organizadores e aos 180 participantes do Fórum”, disse Alexandre.
O diretor-tesoureiro do CRF-MT e membro da comissão organizadora do Fórum Ednaldo Anthony de Jesus e Silva também parabenizou a comissão organizadora, em nome dos professores e coordenadores de cursos, pelo brilhante evento promovido. “O Fórum teve uma importância fundamental para o futuro da nossa profissão, porque na ocasião nós debatemos a formação dos egressos no mercado de trabalho e discutimos as diretrizes curriculares da formação acadêmica, para que, ao final do curso, o profissional seja conhecedor técnico das suas ações na sociedade. Com a realização desse fórum a gente está fazendo história, partindo do alicerce, que é a universidade. Daqui levaremos muitas propostas para o Congresso Nacional em Salvador, e posteriormente, em conjunto com o CFF e com a ABEF, nos posicionaremos e levaremos sugestões e críticas para o modelo de formação acadêmica existente no país atualmente”, disse ele.
AVALIAÇÕES
A vice-presidente do CRF-MT, Ilza Martha de Souza, declarou que o Fórum Mato-grossense de Educação Farmacêutica foi muito bem sucedido, sobretudo pela grande representatividade. “Mato Grosso está de parabéns porque conseguiu formar raízes na área de ensino, e com a participação efetiva de toda a categoria, tanto farmacêuticos como professores, estudantes e membros do Conselho Regional de Farmácia. Fiquei orgulhosa por ter participado deste evento”, disse ela.
Para Danielle Ayr Tavares de Almeida, coordenadora do curso de farmácia da Univag e membro da ABEF, que também fez parte da comissão organizadora do Fórum, foi surpreendente a quantidade de alunos e profissionais que participaram dos debates. “A gente contava com a participação, mas não acreditávamos que chegaríamos a tanto. Ficamos muito felizes, porque isso mostra que eles estão interessados em discutir sobre a profissão. Todos vieram e colaboraram com suas ideias, ajudando a construir, muito positivamente, este evento. Foium fórum de muita qualidade graças à participação e ao interesse de todos”.
Em suas considerações sobre o Fórum, a professora da UNIVAG e da UNIC, e de membro da Comissão Organizadora do Fórum, Donata Norman Silva destacou que o ensino tem suas divergências, principalmente quando se fala em metodologia. “A metodologia de ensino influencia na aprendizagem do aluno. A tendência atual é de se trabalhar com as metodologias ativas, em que os alunos têm que ser mais ativos e o professor é um orientador. Este processo dá mais retorno em termos de aprendizagem. Mas o aluno precisa vir com o conhecimento prévio, para conseguir acompanhar a aula. Antigamente a gente transmitia todas as informações aos alunos, e hoje ele precisa acompanhar junto, é ele quem faz o seu conhecimento, e é daí que vem o termo metodologia ativa”, explicou ela.
Fábio André Miotto, que é professor do curso de farmácia há 15 anos, avaliou que o evento foi muito enriquecedor para a classe farmacêutica. “Foram discutidos os pontos que devem ser alinhados no Congresso Nacional, para uma nova articulação da profissão farmacêutica. A participação de Mato Grosso foi espetacular. Essa discussão em torno da qualidade do ensino é essencial, pois está na hora de repensar a profissão farmacêutica, mudando alguns pontos, porque a profissão tende a evoluir, e temos que os passos dessa evolução”.
A professora de farmácia Elisângela Vicuna Couto da Silva Cintra relatou que a participação de todos os representantes da profissão foi o que ela mais gostou durante esse fórum. “Foi um evento democrático, em que vários atores do cenário farmacêutico, docentes, alunos e profissionais participaram das discussões propostas, e isso enriqueceu o nosso trabalho. Foi um evento de suma importância, porque é um momento em que a profissão tem que ser reavaliada, identificando as possíveis falhas no processo de formação e olhando para o futuro para podermos reinventar esse farmacêutico, para que ele tenha cada vez mais inserção no mercado de trabalho”.
A professora da UNIC Ivana Maria Póvoa Violante considerou que houve uma participação abrangente dos acadêmicos e principalmente dos vários diretores de faculdades de farmácia de Mato Grosso. “Tivemos representantes da região do Araguaia, da UFMT, Univag, UNIC, enfim. Além disso, houve a contribuição de vários docentes da área e diversos acadêmicos, que sempre têm a contribuir bastante nas discussões. Houve muitas propostas, que já foram compiladas, após a dinâmica desenvolvida pelos grupos nas áreas de alimentos, medicamentos e análises clínicas. As propostas definidas durante as discussões no segundo e último dia do Fórum serão adicionadas à planilha que, após uma nova discussão pela comissão de ensino e docentes, serão enviadas ao Conselho Federal de Farmácia”.
A acadêmica do quinto semestre de farmácia da UNIC Beira Rio Maildes Aguilar declarou o Fórum foi importante para estudantes e profissionais de farmácia, desde os alunos que estão iniciando o curso até os que já se formaram há muito tempo. “Foi bom inclusive como aspecto de integração, tanto do farmacêutico formado. O evento foi muito interessante porque rediscutimos todas as diretrizes, e principalmente a educação primária. O nosso ensino precisa melhorar em muitos aspectos, sobretudo algumas matérias específicas, incluindo as disciplinas de farmacologia e os estágios supervisionados”, declarou.
Os membros do Centro Acadêmico da UNIC elogiaram o CRF-MT e toda a Comissão Organizadora pela promoção do Fórum. Segundo Alexssander Lima, é importante que sejam realizados esses fóruns, para a discussão da profissão farmacêutica e as diretrizes do curso, que são de todo interesse de quem é desta área. “O CRF-MT e todos os organizadores do evento estão de parabéns pela iniciativa. É importante que todos participem, e não só os estudantes mas também os profissionais de diversas áreas da profissão. Esse fórum tem que ter quórum, porque estamos falando de todos, no âmbito geral, e então quanto mais pessoas participam mais respaldo nós temos para discutir as reformas que necessitamos. Somos uma profissão que trabalha com a saúde, e por isso temos que dar o melhor de nós para o exercício da profissão com responsabilidade. Devemos fazer como o pessoal de medicina e enfermagem, que se reúne frequentemente para fazer essas discussões. Precisamos fazer isso com mais frequência”, disse o estudante.
De acordo com o presidente do Centro Acadêmico, Weder Felippo Carvalho, é preciso lembrar que a sociedade vê o farmacêutico de forma diferenciada, como um profissional da saúde. O CRF está de parabéns por promover este evento, porque a discussão levará a mudanças importantes na formação e no perfil do profissional farmacêutico. “É muito importante na construção do nosso perfil profissional, para ganharmos as áreas restritas da nossa competência, fazendo um elo também entre profissionais que já se formaram, quem está na metade do caminho e quem está saindo para o mercado de trabalho”.