O poder das bactérias
Fonte: CFF / IstoÉ
As bactérias ajudam a emagrecer, a tratar a diabetes, estão associadas ao desencadeamento da depressão e da doença de Parkinson
As bactérias ajudam a emagrecer, a tratar a diabetes, estão associadas ao desencadeamento da depressão e da doença de Parkinson. Estas são algumas das descobertas da ciência a respeito da importância destes microorganismos para a saúde. Boa parte do que há de mais novo sobre o tema está reunida no livro “O discreto charme do intestino, tudo sobre um órgão maravilhoso”, da médica alemã Giulia Enders. A obra acaba de ser lançada no Brasil. Na Alemanha, tornou-se um best seller, com 1,5 milhão de exemplares vendidos de 2014 até agora.
Giulia se interessou pelo assunto depois de pesquisar sobre o órgão e se surpreender com seu envolvimento – e das bactérias nele contidas – em processos fundamentais do organismo. “Fiquei surpresa em saber que ele é responsável por tantas coisas. Está envolvido no humor, no funcionamento do sistema imunológico e nos hormônios, por exemplo”, disse a médica, que faz doutorado no Instituto de Microbiologia e Higiene Hospitalar de Frankfurt.
As evidências da importância do intestino e de suas bactérias ganharam fôlego a partir de 2007, quando o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos iniciou o projeto Microbioma Humano, que mapeará todas as bactérias do corpo. De lá para cá, as informações não param de crescer. Só na semana passada, foram divulgadas pesquisas sobre a influência da flora intestinal no surgimento da Doença de Parkinson, para a proteção cardiovascular e no desenvolvimento cerebral das crianças.
O trabalho sobre o Parkinson é da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e investiga de que maneira as bactérias intestinais podem interferir. “Considerando o conhecimento sobre as anormalidades gastrointestinais observadas nos pacientes e a vasta interação da flora intestinal com o corpo, é manda-tório explorar de que forma as bactérias estão envolvidas nesta doença”, disse Filip Scheperjans, autor da pesquisa.
O tema das bactérias é a diminuição de risco cardiovascular foi explorado pela Universidade de Paris. A relação é conhecida mas os cientistas adicionaram a informação de que a bactéria Akkermatisia muciniphila está associada a baixos níveis de gordura e de açúcar no sangue, duas condições que reduzem a chance de ocorrência de in-farto e de acidente vascular cerebral.
Da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, veio a revelação de que a flora bacteriana presente na vagina de gestantes estressadas é capaz de provocar alterações na flora intestinal dos bebês. Eles têm contato com os microorganismos ao passarem pelo canal vaginal durante o nascimento e acabam adquirindo microorganismos que podem prejudicar seu desenvolvimento cerebral.