O papel do farmacêutico no gerenciamento da terapia antimicrobiana em tempos de multirresistência
O farmacêutico Henry Pablo, doutor em Ciências Farmacêuticas com abordagem em Atenção Farmacêutica na área de Infectologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com extensão na Harvard University, apresentará um tema muito discutido nos dias de hoje: a gestão clínica do farmacêutico em tempos de multirresistência microbiana; e um painel epidemiológico sobre a atual situação da multirresistência microbiana no Brasil, na América Latina e no mundo. Henry implantou há uma década, um novo modelo de programa interdisciplinar para o gerenciamento do uso de antimicrobianos, o Antimicrobial Stewardship Program (ASP), em hospitais públicos e privados, e falará desta experiência aos participantes do I Congresso Brasileiro de Ciências Farmacêuticas, de 15 a 18 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR).
De acordo com o pesquisador, o problema da resistência é multifatorial e um dos mais agravantes fatores é a grande utilização de antibióticos (adequado ou não), que faz com que a bactéria desenvolva mecanismos de resistência, num processo chamado pressão seletiva. Também estão relacionados a má qualidade do medicamento, que induz o potencial de mutação e falhas terapêuticas, além do emprego de antibióticos na agronomia, na pecuária e, consequentemente, na alimentação humana. Todos esses fatores impactam negativamente na segurança do paciente de toda a comunidade.
O programa a ser apresentado demonstra que o farmacêutico pode fazer diferença no controle da multirresistência, empoderando-se de conhecimentos clínicos, de farmacocinética e de farmacodinâmica aplicados, em cooperação com o médico infectologista, bem como o microbiologista, na tomada da melhor decisão clínica para cada paciente em cada situação vivenciada à beira do leito.
O Dr Henry Pablo explica que o mundo hoje se preocupa com a perspectiva de não ter mais arsenal terapêutico para tratar as infecções. De tão preocupante, o cenário chamou atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que colocou entre as metas de ação global, repensar essa problemática. “A OMS vem traçando várias estratégias mundialmente de controle desse cenário que já demonstra um esgotamento terapêutico, em que diariamente nos deparamos com pacientes que não respondem nem mesmo aos antibióticos de última linha terapêutica”.
De acordo com um recente estudo britânico, essa incidência altíssima de resistência será a principal causa morte do mundo, em algumas décadas, e não haverá arsenal terapêutico para combater esse problema no futuro, causando mais mortes que o câncer, a diabetes e outras doenças bastante alarmantes. “O preocupante cenário já causa, no mundo, 700 mil mortes por ano, com a perspectiva de chegar a 10 milhões de mortes/ano, até 2050”, explica o Dr. Pablo.
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Fonte: Comunicação do CFF
Autor: Murilo Caldas