O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade e o papel dos farmacêuticos
De acordo com os dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, fornecidos pela farmacêutica especializada na área Daniela Vial, Cuiabá ocupa a segunda colocação no ranking das capitais com maior número de homens obesos, com 25,4%. Os números são referentes a 2018. Com relação às mulheres, o índice de obesidade é menor, 20,7%. Dessa forma, a capital de Mato Grosso fica em 10º lugar entre as capitais.
Entretanto, no que se refere a excesso de peso, quando a pessoa não atinge um nível de doença, porém é preocupante, segundo o Ministério da Saúde,
Cuiabá ocupa a 4ª colocação. Segundo a pesquisa, 56,6% das pessoas do sexo feminino estão acima do peso. Nessa categoria, os homens estão em pior situação que as mulheres, ocupando o 3º lugar no ranking. Segundo os dados, 65,1% das pessoas do sexo masculino estão acima do peso.
Nas palavras da Doutora Daniela Vial, o papel do farmacêutico diante desta situação é de orientar o paciente sobre a ação de determinado medicamento e as consequências de um uso indiscriminado do mesmo, uma vez que a maioria dos medicamentos para obesidade são fórmulas que visam à diminuição da hiperfagia. “Para esta redução se empregam anorexígenos como femproporex e dietilpropiona, associados a outros grupos farmacológicos como benzodiazepínicos (diazepam, bromazepam), diuréticos (hidroclotiazida), laxantes, hormônios tireoidianos, estimulantes do sistema nervoso (cafeína) e vitaminas. Tais fórmulas podem levar a dependência e a problemas de saúde secundários”.
Segundo a farmacêutica, o farmacêutico pode conscientizar o paciente, ou aquele que busca diretamente na farmácia a auto medicação, de que a obesidade é uma patologia, alertar os riscos e benefícios dos medicamentos, propor novos hábitos de vida, com exercícios e dietas para auxiliar a redução de peso, orientar quanto as interações e problemas da má administração. “Além disso os farmacêuticos podem propor e fazer campanhas educativas para mobilizar os pacientes quanto a adesão de tratamento. É nesse momento que há uma interação entre o farmacêutico e o médico, é aí que surge a integração do trabalho interdisciplinar. Com essa parceria se estabelece uma somatória de forças que resultará positivamente junto ao paciente na luta contra a obesidade”.
Mudança de hábitos
De maneira geral, 23% dos moradores de Cuiabá apresentam obesidade e 60,7% estão com excesso de peso. A pesquisa aponta que os índices aumentaram nos últimos treze anos, demonstrando pouco se mudou em termos de comportamento de consumo. Um exemplo, é o consumo de refrigerante que, entre as mulheres, está na 3ª colocação entre as capitais. De acordo com os dados, 15,3% das mulheres afirmaram consumir refrigerante mais de cinco vezes por semana.
Apesar de alto índice de obesidade e excesso de peso, a população de Cuiabá, capital de Mato Grosso, já demonstra hábitos mais saudáveis. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, do Ministério da Saúde, 22,7% dos habitantes da capital estão obesos e que 57,4% possuem excesso de peso. Na contra mão desses altos percentuais, o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu quase 11,6% (de 2008 a 2017), a prática de atividade física no tempo livre aumentou 174,3% (de 2009 a 2017) e o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 51,7%, abaixo da média nacional.
Ainda na capital, o consumo de refrigerantes e sucos artificiais caiu 51,7%, ao longo dos últimos 11 anos. Em 2007, 33,6% da população de Cuiabá consumiam esse tipo de bebida. No ano passado, o índice foi para 16,2%. Na comparação entre os sexos, as mulheres foram as que mais deixaram de ingerir refrigerantes, elas apresentaram uma queda de 55,6% contra 48,3% dos homens.
Outro dado positivo que o Vigitel mostra, é que Cuiabá tem desenvolvido uma mudança no consumo de frutas e hortaliças. Percebe-se que a ingestão regular (em 5 ou mais dias na semana) destes alimentos aumentou em ambos os sexos, mas o crescimento geral ainda foi de 11,6% no período de 2008 a 2017. Para avaliar a obesidade e o excesso de peso, a pesquisa leva em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC). Por meio dele, é possível classificar um indivíduo em relação ao seu próprio peso, bem como saber de complicações metabólicas e outros riscos para a saúde.
O Vigitel é uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde. Assim, entre fevereiro e dezembro de 2017, foram entrevistados por telefone 53.034 pessoas.
Impacto na saúde
A obesidade atualmente vem sendo considerada não somente um problema de estética, mas também um problema de saúde. A obesidade como problema de saúde pública gera uma série de outras patologias associadas que podem levar o portador a doenças cardiovasculares, como infartos e derrame cerebral; a doenças metabólicas, como diabetes; e a doenças ortopédicas, como artroses, entre outras que poderão surgir. Enquanto patologia, a obesidade vem sendo objeto de estudo no mundo todo,
Os estudos têm considerado um elenco de causas que podem levar a manifestação das doenças. A vida sedentária, refeições rápidas e desequilibradas, os conteúdos dos produtos alimentícios elaborados com altos teores de gordura, proteínas e carboidratos, são indicadores apontados nos estudos como causadores da obesidade.
A obesidade é o resultado de diversas interações entre o conteúdo genético e o ambiente socioeconômico e cultural. Por exemplo, filhos com ambos os pais obesos apresentam alto risco de obesidade, bem como determinadas mudanças sociais estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Os estudos recentes sobre obesidade vêm contribuindo para a série de conhecimentos científicos já produzidos, referentes aos diversos mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez mais que essa situação se associa, na maioria das vezes, a diversos fatores.
A obesidade leva a comorbidades como a resistência periférica à insulina (Diabetes tipo 2), arteriosclerose, infarto e acidentes vasculares cerebrais, o ministério ressalta que nos últimos anos os entrevistados da pesquisa Vigitel têm demonstrado um conhecimento mais amplo sobre saúde, o que facilita a descoberta dessas doenças pricipalmente diabetes. Na avaliação da pasta, outro fator que tem contribuído para os diagnósticos é o acesso às Unidades Básicas de Saúde (UBS), na Atenção Primária. De 2006 para 2018, houve um aumento de 40% no volume de pessoas diagnosticadas com a doença.
O balanço mais recente, feito no ano passado, contabilizou 7,7% da população adulta brasileira com o quadro de diabetes confirmado, proporção que era de 5,5% em 2006. As mulheres têm um percentual maior de diagnóstico: 8,1%. O índice dos homens é de 7,1%. Segundo o ministério, no intervalo de 2008 a 2018, o acesso a medicamentos para diabetes aumentou em mais de 1.000%. No ano passado, foram distribuídos 3,2 bilhões de medicamentos a 7,2 milhões de pacientes. Em 2008, o quantitativo foi de 274 milhões de unidades entregues a 1,2 milhão de pacientes.
Atualmente, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferta de forma gratuita o tratamento medicamentoso para a doença, entre eles, cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas NPH e regular. Em 2018, a pasta investiu R$ 726 milhões na aquisição dos medicamentos.
Estatísticas nacionais
Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que número de obesos no país aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. Ao mesmo tempo, a população passou a adquirir hábitos mais saudáveis. A prevalência da obesidade volta a crescer no Brasil, é o que aponta a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde. Sobre esse índice, houve aumento de 67,8% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018. O Brasil nos últimos três anos apresentava taxa estáveis da doença. Desde 2015, a prevalência de obesidade se manteve em 18,9%.
Em 2018, os dados também apontaram que o crescimento da obesidade foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, com 84,2% e 81,1%, respectivamente. Apesar de o excesso de peso ser mais comum entre os homens, em 2018, as mulheres apresentaram obesidade ligeiramente maior, com 20,7%, em relação aos homens,18,7%.
O Vigitel também registrou crescimento considerável de excesso de peso entre a população brasileira. No Brasil, mais da metade da população, 55,7% tem excesso de peso. Um aumento de 30,8% quando comparado com percentual de 42,6% no ano de 2006. O aumento da prevalência foi maior entre as faixas etárias de 18 a 24 anos, com 55,7%. Quando verificado o sexo, os homens apresentam crescimento de 21,7% e as mulheres 40%.
Na contramão do aumento dos percentuais de obesidade e excesso de peso, o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu 15,5% entre 2008 e 2018, passando de 20% para 23,1%. A prática de atividade física no tempo livre também aumentou 25,7% (2009 a 2018), assim como o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 53,4% (de 2007 a 2018), entre os adultos das capitais. Também ao informar que receberam o diagnóstico médico de diabetes (40%), entre 2006 e 2018, os entrevistados demonstraram ter maior conhecimento sobre sua saúde, o que os motivaram a buscar os serviços de saúde, na Atenção Primária, receber o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Enquanto parte dos brasileiros incorporou mais frutas e hortaliças à dieta e tem se exercitado mais, outra parcela da população está ficando mais obesa. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde, a taxa de obesidade no país passou de 11,8% para 19,8%, entre 2006 e 2018. Foram ouvidas, por telefone, 52.395 pessoas maiores de 18 anos de idade, entre fevereiro e dezembro de 2018. A amostragem abrange as 26 capitais do país, mais o Distrito Federal.
Alarme
O estudo mostra que, no período, houve alta do índice de obesidade em duas faixas etárias: pessoas com idade que variam de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos. Nesses grupos, o indicador subiu, respectivamente, 84,2% e 81,1% ante 67,8% de aumento na população A capital com o menor índice de obesidade foi São Luís, com 15,7%. Na outra ponta, está Manaus, com 23% de prevalência. O ministério destacou que, no ano passado, ocorreu uma inversão quanto ao recorte de gênero. Diferentemente do padrão verificado até então, identificou-se um nível maior de obesidade entre as mulheres. A percentagem foi de 20,7% contra 18,7% dos homens.
Além de conferir a prevalência de obesidade, a Vigitel reúne dados sobre o excesso de peso. Os pesquisadores concluíram que mais da metade da população brasileira (55,7%) se encontra nessa condição, índice que resultou de um crescimento de 30,8%, acumulado ao longo dos 13 anos de análise. Em 2006, a proporção de brasileiros com excesso de peso era de 42,6%. Nesse quesito, o grupo populacional com predominância é o de pessoas mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos. As mulheres apresentaram um crescimento mais significativo do que os homens. O delas aumentou 40%, ao passo que o deles subiu 21,7%.
Registro positivo
A pesquisa também constatou que os brasileiros têm seguido uma linha de hábitos mais saudável. O consumo regular de frutas e hortaliças, por exemplo, passou de 20% para 23,1%, entre 2008 e 2018, uma variação de 15,5%. A recomendação é da ingestão de, no mínimo, cinco porções diárias desses alimentos, cinco vezes por semana, segundo parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com base nessa referência, a Vigitel considera que as mulheres têm se alimentado melhor, já que 27,2% delas mantêm o consumo recomendado. Entre homens, a taxa é de 18,4% e, entre brasileiros, de 23,1%.
Outro registro positivo diz respeito à prática de atividades físicas no tempo livre. A taxa subiu 25,7%, na comparação de 2009 com 2018. O salto foi de 30,3% para 38,1%. A dedicação a uma rotina de exercícios que dure ao menos 150 minutos semanais, é algo mais comum entre homens (45,4%) do que mulheres (31,8%). Adultos com idade entre 35 e 44 anos geraram o aumento mais expressivo na última década, de 40,6%. A taxa global de inatividade física sofreu queda de 13,8% em relação a 2009. O percentual de inatividades das mulheres é de 14,2% e o dos homens, ligeiramente inferior, de 13%. Ao mesmo tempo em que muitos deixam o sedentarismo, um número maior de pessoas também afasta da mesa refrigerantes e bebidas açucaradas. Ao todo, de 2007 a 2018, o índice de consumo desses produtos caiu 53,4% entre adultos das capitais. A previsão é de que 144 mil toneladas de açúcar deixem de ser usadas nos produtos até 2022.
Referências:
https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/14636/9824
http://saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45612-brasileiros-atingem-maior-indice-de-obesidade-nos-ultimos-treze-anos
http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43685-com-obesidade-e-excesso-de-peso-estaveis-populacao-de-cuiaba-passa-a-adotar-praticas-saudaveis