Hanseníase- A luta contra o estigma e a importância do cuidado profissional
Em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, a farmacêutica Carla Cenira apresentou uma contribuição significativa para o debate sobre a doença e os desafios sociais que a cercam. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso na Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais, Políticas Públicas, Diversidade e Sociedade pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), ela desenvolveu um documentário que aborda os estigmas e preconceitos enfrentados por pacientes diagnosticados com hanseníase.
Carla Cenira, que é farmacêutica do Centro de Referência em Média e Alta Complexidade de Mato Grosso (Cermac-MT), resolveu trabalhar com esse tema porque atende pacientes com hanseníase e ouve frequentemente seus relatos sobre os desafios enfrentados.
No documentário, intitulado “Estigmas e Preconceitos”, Alzira Rodrigues, uma paciente que vivenciou a luta contra a hanseníase, compartilha relatos impactantes sobre as barreiras sociais e emocionais impostas pela doença. “As pessoas ainda têm muito preconceito. A gente sente no olhar, no afastamento. É uma luta diária para não ser reduzido à doença”, desabafa Alzira, destacando a necessidade urgente de conscientização e empatia.
Carla Cenira enfatiza que a hanseníase, além de ser tratável e curável, exige um acompanhamento integral que considere não apenas os aspectos clínicos, mas também os psicológicos e sociais. “É essencial que os profissionais de saúde atuem não apenas no tratamento medicamentoso, mas também no acolhimento e orientação dos pacientes. O respeito é uma parte fundamental do processo de cura”, afirma a farmacêutica.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), o estado registrou 4.348 casos de hanseníase entre janeiro e outubro de 2024. Em 2023, Mato Grosso liderou o ranking nacional com a maior taxa de detecção da doença, contabilizando 6.211 casos. Esses números reforçam a necessidade contínua de campanhas educativas e da ampliação do acesso ao tratamento para combater a hanseníase no estado.
O farmacêutico desempenha um papel essencial no cuidado ao paciente com hanseníase. Além de garantir o acesso à medicação adequada, este profissional também orienta sobre o uso correto dos medicamentos, auxilia na gestão de efeitos colaterais e colabora para a adesão ao tratamento. “A presença do farmacêutico é indispensável para que o paciente se sinta seguro e acolhido durante toda a jornada de cura”, reforça Carla Cenira.
Iniciativas como o documentário de Carla Cenira são cruciais para desmistificar a hanseníase e reduzir o impacto do preconceito na vida dos pacientes. É fundamental que a sociedade compreenda que a hanseníase é uma doença tratável e que a discriminação só agrava o sofrimento de quem a enfrenta.
Neste Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, o apelo é claro: investir em educação, respeito e cuidado integral para transformar a realidade de milhares de pessoas. Como destacou Alzira Rodrigues, com informação e acolhimento, é possível vencer o preconceito e viver plenamente.
Confira o documentário neste link: https://youtu.be/_U_rvdMrlzs?si=GGfasb9L3O8aYc2B