Fonte: Jornal Diário de Cuiabá A frente de batalha contra o câncer de mama vai se empenhar este ano para massificar a divulgação do autoexame entre homens e mulheres A frente de batalha contra o câncer de mama, o de maior incidência de mortalidade por câncer nas mulheres no mundo – segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) – tem hora e data marcada pra começar na capital mato-grossense: 1º de outubro de 2014, no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, às 19h30. Como parte da 5ª edição da Campanha Outubro Rosa, realizada pela MTmamma Amigos do Peito, a associação de apoio a pessoas em tratamento e pós-tratamento do câncer de mama, vai iluminar o Santuário com a cor rosa para alertar a sociedade sobre os riscos da doença e a importância da detecção precoce do nódulo, o que aumenta em mais de 85% a chances de cura do câncer. Na Campanha Outubro Rosa 2014, a MTmamma promove durante todo o mês uma série de eventos na cidade com objetivo de chamar a atenção para um problema que, a cada ano,tem um número maior de casos.O lema da campanha deste ano é Pare! Examine! Observe!Se toque! “Nosso maior empenho, este ano, é massificar a divulgação do autoexame entre mulheres e homens. Um gesto simples que pode salvar a vida, principalmente, da mulher, pois, desta forma ela pode detectar o nódulo, buscar atendimento médico, exames específicos como a mamografia e dar início ao tratamento com mais possibilidade de cura”, ressalta a presidente em exercício da MTmamma, Raquel Cintra. Para o diretor clínico da MTmamma,o mastologista Marcelo Mendes, as orientações de exame físico das mamas são necessárias em qualquer idade durante uma consulta ginecológica de rotina e a mamografia anual a partir dos 40 anos. No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama também é o que mais atinge as mulheres. Este anoa estimativa de 57.120 novos casos da neoplasia diagnosticados no país. Deste total, 610 serão contabilizados, em Mato Grosso e, a maioria deles, 470, em Cuiabá. O Inca aponta que a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco com cerca de quatro em cada cinco casos registrados após os 50 anos de idade. Segundo Mendes, é preciso desmistificar algumas questões sobre o câncer de mama. “Muitos acreditam ainda no lema ‘se procurar acha, então melhor deixar quieto’, o que retrata falta de informação, crença em tabus e preconceitos que não condizem com a realidade. Existem mitos com relação ao câncer de mama que devemos esclarecer: a doença não é hereditária, portanto todas as mulheres têm risco, não importa se houve algum caso em família. A amamentação não evita a doença, mesmo mulheres que tiveram vários filhos foram diagnosticadas e tratadas; hábitos saudáveis de vida são importantes, assim como os exames de rotina, um não exclui o outro”, assegura Mendes. “Cultivar hábitos saudáveis de alimentação, evitar o sedentarismo e alimentar a ‘alma’, cada qual com suas convicções, reforçando uma visão da vida menos materialista e mais ‘espiritualista’, também contribui para nossa saúde integral” destaca o mastologista.
Fonte: CRF-MG / Folha de São Paulo
Quando o executivo Gilson Campos, 54, foi até a clínica de check-ups do Einstein, numa manhã de abril, estava só cumprindo um agendamento adiado havia mais de seis meses, por causa de reuniões e outros compromissos. Saiu da esteira do teste ergométrico direto para o hospital: estava infartando
Mesmo tendo pressão alta havia muitos anos, o executivo não imaginava que poderia ter uma coronária 97% obstruída. Só tinha marcado o check-up, aliás, porque a empresa onde ele trabalha exige exames periódicos.
“Não fazia acompanhamento. Tomava remédio para pressão, mas não dava bola. Só me conscientizei depois”, diz Gilson. Ele conta que sentia cansaço havia dias, mas nunca imaginou que poderia estar infartando.
A falta de consciência sobre o próprio risco de ter um problema cardíaco é comum, como mostra um estudo recente do cardiologista Marcelo Katz com 6.544 pacientes da unidade de check-up do Einstein, em São Paulo, publicado no “European Journal of Preventive Cardiology”.
Na pesquisa, as pessoas preenchiam, antes de fazer os exames, um questionário respondendo se achavam que tinham risco cardiovascular alto, médio ou baixo.
Depois, todos passaram por teste ergométrico e de pressão, tiraram medidas de peso, altura e circunferência da cintura e fizeram exames laboratoriais, para medir colesterol, glicemia e outros indicadores de risco.
Com base nesses resultados, os pesquisadores usaram uma escala científica que calcula a probabilidade de uma pessoa sofrer eventos cardiovasculares ao longo da vida e classificaram os participantes entre os que tinham alto, baixo e médio risco.
DESCOMPASSO
Os médicos perceberam que havia um descompasso grande entre o que os números diziam e o que as pessoas percebiam. Entre os participantes com risco médio (entre 10% e 20%) de sofrer um problema cardíaco no futuro, 72% acreditavam ter baixa probabilidade de ter um evento do tipo. Entre os com alto risco (20% ou mais), 91% subestimavam sua condição.
Segundo Katz, autor do estudo e coordenador de pesquisa cardiovascular do Einstein, esse tipo de trabalho busca entender por que grande parte das pessoas é tão resistente a seguir recomendações médicas para prevenção.
“Fatores de comportamento são 80% do risco cardíaco. Para se cuidar, a pessoa tem de saber se está em risco.” Entre os pacientes do estudo, só 6,1% se viam como de alto risco cardíaco, mas a escala de risco a longo prazo colocava 49,3% nessa condição.
Katz afirma que é comum um viés otimista: “A pessoa pensa: Se nunca aconteceu comigo, por que vai acontecer? Vou aproveitar a vida agora e depois me cuido`”.
A maioria só desperta quando sofre um infarto ou alguém próximo e até celebridades têm um problema.
O próximo passo, diz o médico, é investigar por que as pessoas não se cuidam. Um problema são as prioridades: a maioria tende a colocar tarefas imediatas de trabalho e família na frente dos cuidados que dão frutos a longo prazo, sobretudo exercícios.
Depois do infarto, Campos mudou a alimentação, cortou refrigerantes e perdeu 8 kg. Mas ainda não conseguiu pôr exercícios na rotina. “Estou muito bem, mas não posso dizer que estou bem nisso”, diz.