Farmacêuticos de MT têm projeto comprovado para melhoria do SUS
Três farmacêuticos e uma enfermeira de Barra do Garças foram homenageados pelo Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT) e pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) por suas experiências exitosas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Eles desenvolveram um trabalho sobre interações medicamentosas em pacientes de um hospital público de Mato Grosso, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Garças (MT) e com o Hospital Municipal Milton Pessoa Morbeck.
O trabalho foi publicado pela Revista “Experiências Exitosas de Farmacêuticos no SUS”, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que busca sensibilizar os gestores públicos de saúde sobre a importância do farmacêutico e provar que a gestão adequada de produtos e serviços é um dos fatores primordiais para que sejam cumpridos os princípios constitucionais que regem o SUS.
A publicação traz o relato de experiências de sucesso de farmacêuticos que atuam na atenção básica, especializada e hospitalar do SUS. Essas experiências comprovam que o trabalho farmacêutico qualificado interfere positivamente na melhoria do quadro geral de saúde da população local, favorecendo o acesso e contribuindo para o uso racional de medicamentos.
Pode, ainda, colaborar com os resultados financeiros, reduzindo custos com compra de medicamentos e a perda de medicamentos vencidos tanto para municípios e estados como para a União.
Premiação
O artigo de Mato Grosso que acabou premiado nacionalmente nasceu de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da farmacêutica Simone Barbosa de Sousa, mas foi, segundo ela, um projeto de equipe, idealizado e desenvolvido com os professores Flávia Lúcia David, Olegário Rosa de Toledo e Eleomar Vilela de Moraes. Mais de 20 estudantes também participaram do projeto com trabalhos de conclusão de cursos ao longo dos últimos cinco anos.
Conforme a professora Flávia, esse trabalho faz parte de um projeto ainda maior, que consistiu em verificar a dispensação e a prescrição na região de Barra do Garças.
“O que conhecíamos da literatura é que, durante o período de internação, todo paciente, independente da patologia para a qual ele foi hospitalizado, está sujeito a sofrer interação medicamentosa, e tende, assim, a ter mais fármacos prescritos, ter mais solicitação de exames e ficar mais dias hospitalizado. Há, ainda, o problema desse paciente ter a saúde comprometida por conta das interações medicamentosas. Pela literatura, portanto, a gente já sabia desses problemas. Queríamos, então, saber como estava essa questão no nosso município, no nosso hospital”, explicou ela.
Após a análise de 600 prontuários, os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo onde os pacientes sofreram interação medicamentosa e outro com pacientes que não tiveram nenhum tipo de interação. Os pesquisadores verificaram os dias de internação, os medicamentos prescritos e a solicitação de exames a mais do grupo que teve interação medicamentosa, comparado com o grupo de pacientes que não sofreu nenhuma interação medicamentosa.
“Quanto mais exames forem solicitados e maior a quantidade de fármacos prescritos, maior é o gasto para o hospital do SUS. Mas, além do aspecto financeiro, existe o problema do risco de vida para o paciente, considerando que interação pode ser leve, moderada ou grave, e isso põe o paciente em perigo. Portanto, o objetivo do nosso trabalho era investigar quais eram as interações no nosso hospital”, enfatizou a doutora Flávia.
Trabalho de grupo
Para a professora Flávia, trabalhar em equipe é saber ser parte de um todo. “É como ser uma parte fundamental de um corpo, mas sabendo que sem corpo esta parte de nada serve. Ter a capacidade de trabalhar bem em equipe, mostra humildade, tolerância, inteligência emocional e companheirismo.Ninguém é nada sozinho. E se queremos fazer algo grande, importante e que nos traga orgulho, precisamos fazer em equipe. Alcançar o sucesso com um esforço coletivo é muito mais prazeroso”, escreveu ela em sua página no facebook.
“Num trabalho em equipe, ficamos mais motivados e comprometidos, afinal uns dependem dos outros, e todos são responsáveis pelas falhas e pelo sucesso. Por isso, o trabalho em equipe deixa todos mais fortes.O trabalho em equipe é união e amizade em prol de um bem e de um objetivo comum, por isso é muito mais nobre do que uma batalha individual.Por isso gostaria de agradecer todos os meus alunos de pesquisa, a todos os colegas professores da UFMT, aos colegas farmacêuticos, outros profissionais de saúde e funcionários do hospital municipal por acreditarem na ideia deste trabalho e de alguma forma colaborarem para a sua realização”, concluiu Flavia.
De acordo com o professor Olegário, coube a ele a parte da metodologia e redação, do começo ao final dos artigos. “Sou professor de epidemiologia, que trata do método epidemiológico, e, em função a isso, a gente se encarregou dessa parte dos trabalhos. Já a enfermeira do grupo fez as análises estatísticas, usando um programa de computador que realiza análises estatísticas em pesquisas epidemiológicas (Epi Info™). Coube a ela, também, interpretar os resultados e escolher as melhores tabelas e gráficos. Graças a esse trabalho de equipe a gente conseguiu publicar vários trabalhos em revistas especializadas, conseguindo, também, esse prêmio nacional”, explicou ele.
Por fim, a farmacêutica Simone reforça a importância dos projetos realizados no âmbito acadêmico, incentivando a busca do reconhecimento desses trabalhos através de publicações e divulgações a nível nacional. Segundo ela, a difusão desse conhecimento contribuiria muito para a melhoria da saúde da população.
Luiz Perlato/CRF-MT
Em 29/06/16