Farmacêutica fala sobre descarte correto de medicamentos
O descarte correto de medicamentos precisa acontecer de forma adequada e responsável para garantir a segurança da saúde das pessoas e a preservação do meio ambiente. Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, o Núcleo de Apoio do Farmacêutico (NAF) do Conselho Regional de Farmácia (CRF-MT), vem tratar sobre esse tema e mostra o quanto é importante este descarte correto.
Cerca de 20% dos medicamentos adquiridos pelos brasileiros são descartados de maneira inadequada, em ambiente doméstico, conforme apontou estudo do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (IDUM).
A falta de informação pode ser apontada como a principal causa do descarte indevido, há muitas drogarias que fazem o recolhimento de medicamentos vencidos ou em desuso, mas esse fato é pouco divulgado através de campanhas, pouco destacado no espaço das farmácias ou até mesmo não falado no ato da dispensação/compra do medicamento.
A farmacêutica do NAF, Karina Luckmann explica que fazer o descarte de medicamentos vencidos ou daqueles que sobraram de algum tratamento feito jogando-os no lixo comum ou no esgoto doméstico não é uma boa solução. Porque cada medicação possui um princípio ativo com a finalidade de agir em um local específico dentro do corpo humano, mas na natureza, poderá agir em outros organismos de forma não benéfica.
Quando uma pessoa descartam os medicamentos no vaso sanitário ele é destinado à rede de esgoto que não está preparada para limpar esse tipo de resíduo. Mesmo após passar pelo tratamento na estação de saneamento básico, a água pode seguir com contaminação de resíduos farmacológicos e chega até as residências, sendo utilizada para lavar, limpar e cozinhar alimentos, banhos, lavar roupas.
Tão importante quanto à questão da água de uso doméstico é a contaminação das águas dos rios e até dos lençóis freáticos, pondo em risco a fauna e a flora locais, causando importante problema ambiental.
Karina relata que o farmacêutico sendo o profissional de saúde mais próximo da população tem um papel fundamental neste processo e, embora muitos não saibam, esta é uma de suas atribuições, tendo a responsabilidade de passar as informações corretas para o seu paciente. Além de ser responsável por toda a cadeia do medicamento, desde o desenvolvimento, produção, distribuição até a dispensação dos produtos, o farmacêutico tem a responsabilidade, inclusive de orientar as pessoas a armazenarem e desprezarem os medicamentos inutilizados da forma correta.
“Enquanto educador em saúde ele deve orientar a população a manter os medicamentos em suas embalagens originais e procurar um posto de coleta destinado aos medicamentos vencidos, para que não descarte em qualquer lugar”, destaca a farmacêutica.
O Brasil é o 6º maior mercado de medicamentos do mundo, segundo dados de 2016, do QuintilesIMS Institute. Por ano, estima-se que sejam produzidas mais de 10 mil toneladas desse tipo de resíduo, conforme dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Em busca de conscientizar a população cuiabana para o descarte correto de medicamentos vencidos ou fora de uso em Cuiabá, a Câmara Municipal de Cuiabá aprovou, ano passado, o projeto de Lei nº 6.362, que institui Campanha Municipal, a ser desenvolvida de forma contínua e por prazo indeterminado, sempre informando de forma atualizada as opções corretas para o referido descarte.
Confira algumas dicas sobre descarte correto de medicamentos:
Mantenha os medicamentos nas embalagens originais
É importante que os medicamentos sejam mantidos em suas embalagens originais, (cartelas de comprimido, frascos, tubos de cremes ou pomadas, por exemplo), no momento do descarte. Com relação aos materiais cortantes, eles devem ser guardados dentro de embalagens resistentes, como latas e plástico, para eliminar o risco de acidentes, e só devem ser descartados nos postos de coleta.
Caixas e bulas podem ser recicladas
As embalagens primárias, ou seja, aquelas que têm contato direto com as substâncias devem ser descartadas nos postos de coleta de medicamentos – eles inclusive devem ser mantidos nessas embalagens.
Já as caixas de papel, assim como as bulas, não têm contato direto com os resíduos químicos. Portanto, não são tóxicas para o meio ambiente e podem ser descartadas no lixo reciclável.
Não acumule medicamentos em casa
Apesar de muito comum, o costume de se ter “farmacinhas” caseiras deve ser evitado. Agindo assim, evita-se tanto que um produto seja utilizado de forma incorreta, quanto vencimentos e sobras indesejáveis. Caso as sobras ocorram, no entanto, o melhor a fazer é que sejam descartadas nos postos de coleta, evitando guardá-las para uso posterior, principalmente no caso de líquidos cuja embalagem já foi violada. Isso porque, mesmo estando dentro do prazo de validade, o produto pode ter sido guardado de forma inadequada e não estar em boas condições para o consumo. É válido alertar que nunca se devem tomar remédios que mudaram de cor, textura ou cheiro.
Busque um posto de coleta
Na hora de descartar medicamentos vencidos ou fora de uso, indique, ao paciente, a procura de um posto de coleta. Há farmácias, drogarias, postos de saúde e hospitais que prestam esse serviço. Entre em contato a Vigilância Sanitária ou Secretaria de Saúde do seu município para mais informações.
Confira abaixo as Resoluções
RDC Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE 2009
RDC Nº 222, DE 28 DE MARÇO DE 2018