Evento de educação continuada do CRF-MT tem aprovação integral de participantes
Por: Luiz Perlato
Fonte: CRF-MT
Atualização de conhecimento sobre receituários de medicamentos desperta grande interesse de farmacêuticos e acadêmicos
A chuva da última segunda-feira à tarde, que complicou a situação caótica do trânsito de Cuiabá numa hora de pico, não impediu a participação da categoria na educação continuada realizada pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF-MT), sobre receituários de medicamentos. Mais de 60 pessoas, entre farmacêuticos, acadêmicos, professores e empresários do setor, assistiram à palestra do Conselheiro Wagner Martins Coelho, que também é membro da Comissão de Legislação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e membro da Comissão de Legislação e Atos Regulatórios do CRF-MT. O público assistiu e fez perguntas, e o palestrante não deixou ninguém ir embora sem resposta aos questionamentos apresentados.
Dentre os participantes do evento estiveram o presidente do Sincofarma, Ricardo Cristaldo; a coordenadora de Assistência Farmacêutica de Cuiabá, Cristiane de Oliveira Rodrigues Calçada; a coordenadora do curso de Farmácia do Univag, Danielle Ayr Tavares de Almeida; o presidente do Sinfar-MT, Wille Calazans; a presidente da Comissão Permanente de Farmácia e Terapêutica de Mato Grosso, farmacêutica Lucí Emilia de Oliveira, e diversos professores, (incluir: além dos Diretores do CRF-MT Alexandre Magalhães, Tânia Trevisan e Ednaldo Silva).
Para o farmacêutico de Cuiabá Lázaro de Oliveira Júnior, formado há 3 anos, a educação continuada promovida pelo CRF-MT é de grande importância. “A gente nunca sabe tudo, e no meu caso eu considero que ainda estou aprendendo. Quanto mais conhecimento adquirimos, mais condições teremos de atender bem aos nossos clientes. Nestes eventos ocorre a interação dos profissionais e uma evolução dos nossos conhecimentos na profissão. É um auxílio a mais que a gente tem, realizado pelo Conselho, para enriquecer os nossos conhecimentos. Às vezes tem eventos em que não conseguimos comparecer devido à nossa jornada de trabalho, mas pretendo vir mais vezes, porque nas vezes em que participei eu gostei bastante”. Ele observou também que a escolha do tema foi muito oportuna e pertinente. “Hoje a grande maioria dos profissionais farmacêuticos tem dúvidas sobre prescrição”, declarou.
A farmacêutica Quessi Iria Borges, que é professora do Univag e membro da Comissão de Ensino do CRF-MT, afirmou que a palestra foi uma realização plausível, posto que a maioria dos nossos alunos não tem acesso a esses treinamentos e a esses cursos. “Eventos como este servem para que os estudantes já tenham uma noção no momento em que forem cursar as disciplinas pertinentes, e também serve para os farmacêuticos que já atuam no mercado, como uma reciclagem, uma atualização de conhecimento. A legislação deixa muita coisa em aberto, e o próprio médico parece que não tem conhecimento dessa legislação farmacêutica, tanto é que chegam às farmácias muitas receitas com erros ou faltando informação. Às vezes a gente tem que entrar em contato com o médico para ver se algo procede, e às vezes o paciente tem que retornar para pegar uma nova receita”, declarou ela.
O presidente do Sincofarma considerou a palestra promovida pelo CRF-MT como uma ação altamente positiva. “Qualquer tipo de evento que venha profissionalizar o segmento farmacêutico, no caso aqui, especificamente, do profissional farmacêutico, ele também vai melhorar o atendimento ao consumidor, e quem ganha com isso é o próprio consumidor, que deverá ser muito bem atendido, com a qualificação que o profissional está tendo aqui”, disse Ricardo Cristaldo.
O presidente do Sinfar-MT, Wille Calazans, também elogiou a palestra. “Foi uma exposição muito boa. Eventos como este servem para preparar o profissional, para que eles possam fazer todo um trabalho frente à população, atendendo, de forma qualificada e evitando os problemas que a gente passa no dia a dia. Esse tipo de iniciativa é louvável, porque o profissional farmacêutico, além de passar pela faculdade, ele precisa de educação continuada, sempre, para poder trazer um atendimento cada vez mais qualificado para a população”, disse ele.
A acadêmica de Farmácia Patrícia da Costa Batista, aluna do primeiro semestre do curso no Univag, foi uma das participantes da palestra. Segundo ela, esta palestra foi o primeiro dos muitos eventos que ela pretende participar, porque o diferencial na carreira de um profissional pode ser o interesse dele em buscar novos conhecimentos. “Qualquer palestra na área, independente do assunto, é construtivo não apenas para os que já estão formados, mas também para os formandos. Acho que tudo faz parte do crescimento e da sabedoria”, concluiu.
Considerações do CRF-MT
O tesoureiro do Conselho, Ednaldo Anthony de Jesus e Silva, avaliou que a presença representativa dos profissionais farmacêuticos foi algo muito prazeroso e gratificante. “Demonstra o interesse da categoria farmacêutica em prestar um serviço de qualidade para a população, uma vez que sabemos que vivemos num país onde, culturalmente, a população tem o hábito de se automedicar, e essa automedicação, se não for responsável, ela pode trazer sérios prejuízos à saúde da pessoa. Então é salutar e muito prazeroso para nós enquanto diretores e conselheiros recepcionar esses farmacêuticos e todos os segmentos do setor farmacêutico, nessa atualização sobre prescrição farmacêutica. Quem vai ganhar com essa educação continuada é a sociedade”, disse o diretor.
O presidente do CRF-MT considerou que houve um grande número de participantes neste evento do Conselho principalmente em função do tema que foi escolhido. “Porque os farmacêuticos hoje sofrem muito com a questão das prescrições, e isso chama muito a atenção. “Esperamos que em todas as nossas ações tenhamos um público sempre assim, em grande quantidade. Quanto mais pessoas estiverem presentes melhor é para toda a categoria e para toda a sociedade”, disse ele, complementando que a participação expressiva também aconteceu devido à divulgação e ao trabalho de conscientização e à rede de apoio que tem sido construída com as instituições de ensino e sindicatos.
O presidente explicou que o Conselho promoveu a palestra como forma de atualização para a categoria. O Conselho tem identificado muitos problemas nas atividades do farmacêutico quando se depara com prescrições incompletas, equivocadas e até mesmo quando elas estão adequadas mas o paciente tenta efetuar a troca de um medicamento, que nem sempre é possível, como nos casos dos medicamentos sujeitos a controle especial ou antimicrobianos.
“Não é possível fazer troca, porque a receita tem que ser escriturada, o receituário é controlado pela Vigilância Sanitária, e então nem sempre as regras sanitárias vão no mesmo sentido das legislações de direito do consumidor, e por causa disso os farmacêuticos têm sofrido agressões verbais e pressões psicológicas de clientes. Alguns chegam a procurar o Procon e até buscam processar o farmacêutico, mas ele só está fazendo o seu papel, de garantir o atendimento adequado à sociedade, assegurando o cumprimento das normas. Não são normas apenas burocráticas, são normas para garantir o direito do cidadão a uma assistência farmacêutica plena, o cuidado integral da saúde”, destacou Alexandre Henrique Magalhães.
Ele anunciou que o CRF-MT também buscará desenvolver a conscientização dos órgãos de classe dos prescritores e de toda a sociedade e órgãos de defesa do consumidor, para que o farmacêutico possa desempenhar o seu papel, que é defender e cuidar da saúde do cidadão. “Eles não estão ali apenas para dificultar, como alguns enxergam. O farmacêutico está fazendo o papel dele quando se nega a aceitar a devolução ou troca de medicamento que é sujeito a controle especial ou antimicrobiano, e também ele está fazendo o papel dele ao analisar a prescrição médica ou a prescrição do cirurgião dentista.Nos casos em que a prescrição estiver fora dos padrões terapêuticos ou fora das regras sanitárias, o farmacêutico tem o dever de analisar e se negar a aviar esta receita ou entrar em contato com o prescritor. Fazendo isso ele está cumprindo o seu papel. Se tiver algum problema na prescrição, e o farmacêutico identificar o problema, ao se negar a vender ou atender a receita ele está cuidando do paciente, e não sendo um empecilho. Através dessa palestra estamos procurando conscientizar a categoria para depois partir para o esclarecimento da sociedade quanto ao papel do farmacêutico na área da prescrição”, frisou Alexandre Magalhães.
Para o palestrante, o interesse da categoria demonstra que o problema das prescrições de medicamento realmente existe. “Estando à frente das farmácias o farmacêutico deve fazer a aplicação da legislação, e muitas vezes os prescritores não atendem à legislação. Diante de uma prescrição equivocada do ponto de vista legal, o farmacêutico às vezes tem que evitar a dispensação de medicamento, e o paciente fica refém dessa questão de falta de interpretação pelos prescritores, e aí o farmacêutico é quem fica no embate, como se o problema fosse ele. Temos, portanto, que buscar os meios necessários com as autoridades competentes, incluindo os conselhos regionais de Medicina e de Odontologia, para que possamos, dentro da questão da prescrição correta e dos formulários adequados, minimizar os problemas decorrentes que o farmacêutico tem enfrentado diariamente nos balcões”, considerou Wagner Martins Coelho.
Ainda segundo ele, é necessário buscar as autoridades necessárias – Sindicato dos Farmacêuticos, CRF-MT, Sincofarma e Vigilância Sanitária, dentre outras – e pressionar para que a legislação seja cumprida e o mercado seja regulado de vez, de forma que o paciente tenha o seu medicamento na hora certa e dispensado corretamente. “O farmacêutico não é o vilão da história, como os clientes das farmácias muitas vezes acreditam”.
O conselheiro acredita que a palestra é um dos mecanismos para se levar a informação. Mas, segundo ele, também há outras ferramentas que podem ser utilizadas, como a disponibilização de perguntas e respostas dentro do site do Conselho, para facilitar o acesso às informações. Ele lembrou que estas são atribuições das comissões, inclusive da comissão de legislação, que deverá buscar a inserção, de maneira ininterrupta, no Portal do Conselho, de perguntas e respostas frequentes. “Assim o farmacêutico pode tirar suas dúvidas sem ter que aguardar uma palestra, por exemplo, e tendo uma informação mais precisa em tempo real, para que ele minimize as dúvidas e aplique os conhecimentos necessários da profissão, de forma clara e objetiva”.