Encontro de sindicatos no RJ abordou desafios e perspectivas da profissão farmacêutica sob a ótica do trabalho decente
Por: Júnia Dark Vieira Lelis
Fonte: Fenafar
Discussão sobre a valorização do trabalho teve a participação do presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Mato Grosso (CRF-MT), Alexandre Henrique Magalhães.
Aconteceu no Rio de Janeiro, nos dias 19 e 20 de setembro, o 2º Encontro Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Sindicatos Farmacêuticos. O evento foi uma iniciativa da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar).
O evento teve como objetivo aumentar a interação entre os sindicatos, estimular a troca de experiências, de ideias e discutir as diferentes realidades nos estados, vislumbrando sempre o fortalecimento e a valorização da profissão farmacêutica e do Movimento Sindical.
Participaram do Encontro representantes de sindicatos: ES, MG, SP, MT, GO, SC, PR, RS filiados à Fenafar e colegas farmacêuticos convidados dos estados do RJ e do Distrito Federal.
Para Júnia Dark Lelis, diretora do Sinfarmig e diretora Regional Sudeste da Fenafar, este encontro é mais uma oportunidade para buscarmos o fortalecimento dos sindicatos que vêm enfrentando duros golpes com práticas antissindicais do Ministério Público do Trabalho, a alta rotatividade nos empregos, precarização nas condições de trabalho, o não cumprimento das Convenções Coletivas de Trabalho, a criminalização do movimento sindical, as dificuldades de avançar nas mesas de negociação, baixas arrecadações e, com redução do número de farmacêuticos filiados.
“Mais do que nunca, precisamos elevar o nosso nível de organização, consciência e protagonismo político. Só assim conseguiremos fazer este enfrentamento tão necessário com o entusiasmo e a determinação de sempre”, afirmou Júnia.
A abertura contou com as boas-vindas do vice-presidente da Fenafar, Rilke Novato Públio. Em sua saudação aos presentes, ele ressaltou a importância do evento acontecer em um estado que possui grande número de farmacêuticos e que certamente vivencia enormes desafios a serem enfrentados na profissão e que as três regiões possuem grande diversidade de mercado de trabalho com realidades e potencialidades diferentes e que requerem uma análise bastante cuidadosa para possibilitar ações mais efetivas das entidades sindicais farmacêuticas.
Como conferencista de abertura o evento contou com a análise de conjuntura feita pelo economista Clemente Ganz Lúcio do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese. Clemente apresentou, com muita propriedade, uma análise político-econômica dos últimos 10 anos no país, observando os avanços do Brasil mesmo com a forte crise econômica que abalou o mundo, sobretudo os países europeus.
Na avaliação de Clemente, o Movimento Sindical sempre enxergou que apesar dos avanços, da valorização do salário mínimo, e da diminuição da pobreza no Brasil, ainda vivemos uma política econômica em disputa. A luta de classes permanece acirrada. E o Movimento Sindical tem certeza de que é preciso enfrentar os avanços da direita que continuam a ameaçar as conquistas sociais.
Ao final, abordou o momento político que afeta o País e como as especulações, face ao momento de véspera das eleições gerais, afetam diretamente e alteram o “humor” do mercado financeiro.
O farmacêutico carioca Wendell Cerqueira, diretor do Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro e também diretor da Fenafar, ao dar as boas vindas como anfitrião do evento também destacou a necessidade de envolvimento dos colegas farmacêuticos em cerrar fileiras junto à diretoria das entidades para que os enfrentamento das adversidades aconteçam de forma coletiva e mais fortalecida.
O Trabalho Decente
No segundo dia do evento, o palestrante e economista José Ribeiro, diretor nacional para o Trabalho Decente da Organização Internacional do Trabalho – OIT, enriqueceu ainda mais o debate com uma rica exposição sobre “Os Desafios e as Perspectivas para a Profissão Farmacêutica sobre a Ótica do Trabalho Decente”.
Segundo José Ribeiro, os profissionais farmacêuticos, a despeito da importância do seu trabalho para a saúde, não tem reconhecimento á altura desta importância social. Seu comentário teve como alicerce os dados relativos à média salarial nacional percebida, à jornada extensa de trabalho, a alta rotatividade nas farmácias e às absurdas jornadas que extrapolam 44 horas semanais.
Ao final do evento foi elaborada a “Carta do Rio de Janeiro” onde constam as principais proposições discutidas e aprovadas neste 2º Encontro e que será utilizada como documento orientador para ajudar as entidades a superarem os desafios que acometem os profissionais no dia a dia do mundo do trabalho farmacêutico.