Doença causa estrago na saúde e economia
Das três epidemias transmitidas pelo Aedes aegypti, chicungunha é hoje a com capacidade de causar o maior estrago na saúde pública e na economia. Ela chega depressa, numa picada de mosquito. Mas, com frequência, provoca meses de dores, por vezes anos. Sobrecarrega hospitais e acarreta perdas para empresas e previdência, com funcionários impossibilitados de trabalhar. Mata e é incapacitante.
Se no caso da zika cerca de 80% das pessoas infectadas são assintomáticas, no da chicungunha mais de 70% manifestam sintomas. Os mais característicos deles são dores intensas, principalmente nas articulações.
O meio de transmissão, o Aedes, é o mesmo. Mas o vírus CHIKV não é tão próximo dos da dengue e da zika. Não existe tratamento específico nem vacina. Os médicos controlam os sintomas.
As dores muitas vezes não respondem bem aos analgésicos comuns. Desesperados, alguns doentes recorrem sem orientação médica a corticoides, o que gera outro problema, decorrente dos efeitos colaterais da medicação.
Um estudo no Rio realizado por Uerj, UFRJ e UniRio mostrou que artrites e tenossinovites (inflamações em torno dos tendões) são os problemas mais comuns. Acometeram até agora todos os pacientes. Também são frequentes lesões que levam à síndrome do túnel do carpo. Estas enfraquecem as mãos. A pessoa não consegue, por exemplo, escrever direito. Para profissionais que dependem da perícia das mãos, o efeito é devastador.
Nos casos mais graves, a chicungunha pode destruir ossos ou causar doenças reumatológicas crônicas, como a artrite reumatoide. Por um motivo que os médicos ainda desconhecem, ela também funciona como gatilho para doenças autoimunes e agrava casos de diabetes e psoríase, por exemplo. Também piora complicações preexistentes, como hérnias e tendinites.
A despeito disso, a chicungunha nem sempre é diagnosticada corretamente. Mas deve ser a primeira coisa que um médico deve considerar ao atender uma pessoa com dores articulares.
Fonte: O Globo
Autor: ANA LÚCIA AZEVEDO