Diagnóstico precoce permite 98% de sobrevida
Fonte: Folha de S. Paulo
No estudo inédito, realizado pelo A.C. Camargo Cancer Center, de São Paulo, foram avaliados 2.293 pacientes, com idade média de 65 anos, diagnosticados com câncer de próstata e tratados na instituição desde 2000.
Desse total, 76% dos homens tiveram o tumor diagnosticado no estágio inicial, quando ele estava localizado. Dez anos depois, 98% deles estavam vivos. No estágio 4 (com metástase), menos da metade permanecia viva (46%) no mesmo período.
Segundo o médico Gustavo Guimarães, chefe de urologia do A.C. Camargo, os resultados mostram que é preciso investir mais no diagnóstico precoce, o que está longe da realidade do sistema público de saúde. No Estado de São Paulo, 30% dos tumores de próstata são diagnosticados na fase avançada. Nos EUA, esse valor é de 4%.
O câncer de próstata é o segundo tumor mais frequente no homem brasileiro, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A estimativa é de que, em 2014, sejam 69 mil novos casos.
Além da sobrevida maior, o diagnóstico precoce possibilita o uso de procedimentos menos invasivos (cirurgias por videolaparoscopia ou robótica), que se traduz em recuperação mais rápida.
“Conseguimos diminuir pela metade o tempo em que o homem fica impotente ou precisando de fraldas incontinente. Na cirurgia tradicional, vai de um ano a um ano e meio. Com a robótica, reduzimos para seis meses.”
Com o aposentado Moacyr Batista da Silva, 65, a recuperação foi ainda mais rápida. Ele teve o câncer diagnosticado em fevereiro e, em agosto, fez a cirurgia com robô.
“Com dois meses, deixei de usar a fralda e já estava tudo em ordem também com a potência sexual. Meu irmão fez a cirurgia tradicional cinco anos atrás e demorou dois anos para se recuperar”, diz.
Segundo o urologista Alberto Antunes, do Hospital Sírio-Libanês, embora cirurgias menos invasivas possibilitem recuperação mais rápida, as chances de o paciente ficar permanentemente impotente ou incontinente independem do tipo de procedimento.
Ele explica que logo após a retirada da próstata, 30% dos pacientes precisarão de fraldas. Só de 3% a 4% ficarão com o problema para sempre.
Já a impotência atinge a todos no início. Entre os homens de até 55 anos, 80% recuperam a potência. Depois dos 70 anos, só 20% terão essa sorte. “Mas hoje só fica com disfunção quem quiser. Temos inúmeras opções, de medicamentos a próteses”, diz Antunes.
Assim como a maioria dos homens, Silva não fazia os exames preventivos regulamente. Médicos e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam PSA (exame de sangue) e toque retal anualmente a partir dos 50 anos.