Como um remédio contra dor se tornou a droga que mais mata nos Estados Unidos
Uma pesquisa divulgada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, revelou dados oficiais sobre mortes por overdose no país entre os anos de 2011 e 2016. O número mais assustador é o número de óbitos causados pelo opioide fentanil, que cresceu mais dez vezes no intervelo de cinco anos, se tornando a droga mais mortal entre os norte-americanos.
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Em 2011, 1,662 pessoas morreram pro overdose do opioide. A substância era a décima mais mortal entre os norte-americanos. Já em 2016, o número de mortes por abuso de fentanil saltou para 18,335. O fármaco representou 28% dos óbitos por overdose nos Estados Unidos, deixando para trás drogas como a heroína (15,961 mortes) e a cocaína (11,316).
As autoridades locais já estão se referindo à situação como a ” crise dos opioides “, que também inclui substâncias como heroína, hidrocodona, metadona, morfina e oxicodona. Juntos, esses opioides causaram mais de 50 mil mortes por overdose no país apenas no ano de 2016.
De acordo com o órgão federal Administração para Controle de Drogas (DEA), “os incidentes e overdoses relacionadas ao fentanil estão acontecendo em números alarmantes”. O fármaco tem sido a maior preocupação das autoridades, uma vez que é o opioide mais potente do mercado e existem diferentes maneiras para se consumir a substância.
O que é o fentanil?
Criado por Paul Janssen, em 1960, o fentanil é um opioide sintético utilizado contra dores intensas e, em conjunto com outras substâncias, para anestesias. A substância pode ser entre 50 a 100 vezes mais forte que a morfina e entre 30 a 50 vezes mais potente que o heroína.
Apenas 2 miligramas da droga podem ser fatais para a maioria dos seres humanos adultos. Em outros casos, pessoas chegaram a morrer ao consumir 0,25 mg da substância. Uma aspirina de uso comum contém 500 mg de ácido acetilsalicílico. Além de ingerida ou aplicada diretamente na corrente sanguínea, o fentanil pode ser absorvido através do contato com a pele.
Na Inglaterra, uma bebê de 15 meses morreu após um emplastro contra a dor que a mãe estava usando entrar em contato com a pele da menina. Na Pensilvânia, uma mãe preparou a o copo de leite da filha de 17 meses após usar a droga e a menina também morreu.
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Os Estados Unidos são o país com o maior número de prescrições de opioides por pessoa. São 731,2 para cada mil habitantes. Apesar da marca alarmante, a grande preocupação das autoridades é com a versão “das ruas” da droga, que é importada de países como a China e o México.
Muitas vezes, as pessoas acabam comprando o fentanil sem saber, diz o DEA. Para potencializar drogas como a heroína, traficantes adicionam o fármaco à fórmula com a intenção de viciar o usuário de uma forma mais rápida. Em 2016, uma mistura de fentanil à droga Norco (outro opioide, mas muito mais fraco) causou dez mortes no estado da Califórnia.
Outra preocupação das autoridades é a venda de “similares” ao fentanil. Traficantes tem tentado, com algum sucesso, replicar a fórmula da droga com algumas pequenas diferenças na estrutura química. Segundo o CDC, essas versões tendem a ser ainda mais perigosas.
Existem casos no Brasil?
O Brasil é um dos países com maiores problemas com as drogas no mundo. O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas disponível, feito em 2012 pela Unifesp, mostrou que 1,8 milhão de pessoas já haviam experimentado crack no País, enquanto 5,6 milhões já haviam feito uso da cocaína. A Pesquisa Nacional sobre o Crack, por sua vez, apontou que a droga tinha cerca de 370 mil usuários regulares espalhados pelas capitais.
Apesar disso, os opioides ainda não são um problema no território nacional. O Brasil teve um crescimento na compra e prescrição de opiodes nos últimos anos. A taxa hoje é de 4,43 receitas para cada 100 habitantes, bem abaixo dos Estados Unidos. No entanto, pelo menos por enquanto, as drogas parecem estar sendo usadas para o seu fim intendido.
Ainda dentro dos opioides, o fentanil é o menos vendido no País, representando menos de 1% das vendas das substâncias dentro do Brasil. A codeína é responsável por 98% das prescrições e a oxicodonapor 1,8%.
Link da notícia: http://programaveracidade.com.br/como-um-remedio-contra-dor-se-tornou-a-droga-que-mais-mata-nos-estados-unidos/