Aromaterapia, uma ciência além dos cheirinhos!
*Karina Luckmann
Aromaterapia pode ser definida como a utilização de óleos essenciais a fim de assegurar o cuidado complementar, preventivo ou curativo a uma grande variedade de doenças humanas, animais ou vegetais. É a ciência que estuda as propriedades medicinais das plantas aromáticas. É um sistema terapêutico natural que utiliza os óleos essenciais para equilibrar a saúde, o corpo e a mente no dia a dia. Pode ser utilizada sozinha, em conjunto com outros métodos tradicionais ou em terapias complementares.
O termo surgiu na França com René-Maurice Gattefossé, o “pai da Aromaterapia”, em 1937, Gattefossé teria passado por um incidente de trabalho. Após uma queimadura nas mãos no laboratório, e sentindo dor, mergulhou a área afetada em um frasco próximo que continha óleo de lavanda. Ele teria percebido que, além do alívio quase imediato da sensação dolorosa, o ferimento cicatrizou mais rapidamente, sem quase deixar marcas. Foi explorada cada vez mais ao longo do tempo, fornecendo evidências sólidas e resultados consistentes. É uma prática que visa estabelecer a saúde e o bem-estar integral.
No Brasil, a aromaterapia está entre as 29 práticas incluídas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS. Esta inclusão foi anunciada dia 12 de março, no Rio de Janeiro (RJ), durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS).
Os óleos essenciais são substâncias vegetais voláteis, lipofílicas (afinidade com óleo, mas não tem aspecto oleoso, gorduroso), constituídas por moléculas químicas complexas e extremamente concentradas extraídas a partir dos órgãos de flores, frutos, sementes, folhas, raízes e outras partes das plantas, é mais comumente extraída através de destilação a vapor ou prensagem da casca de cítricos.
Podem ter efeitos analgésicos, antissépticos, anti-inflamatórios, antibacterianos, calmantes, higienizadores, expectorantes, diuréticos, reguladores hormonais, endócrinos, entre outros. São utilizados pelas vias respiratórias, atmosférica, cutânea, oral e retal (outros países como França), etc. Atuam no nível psíquico desencadeando uma profunda conexão com o interior do indivíduo, equilibrando os sistemas límbico-hipotalâmico através do bulbo olfatório.
É importante não confundir óleos essenciais (substâncias naturais e concentradas) com essências (substâncias sintéticas que não têm efeito terapêutico algum, apenas um cheiro agradável, que é nocivo e chamado assim normalmente no Brasil).
Os óleos essenciais interagem de forma inteligente com o nosso organismo. Eles foram formados há milhares de anos ao longo da evolução do planeta, por isso tem uma parceria evolutiva com toda forma de vida. Após entrarem em contato com o organismo vivo, apresentam biocompatibilidade, tolerância e eficiência em restaurar o equilíbrio corporal, resultado muitos erros e acertos bioquímicos chamados de evolução – mas desde que usemos da forma correta, não é porque é derivado do natural que é natural. Eles são compostos químicos, com ativos farmacológicos e se utilizados incorretamente, geram muita dor de cabeça.
Usam-se os óleos essenciais para prevenção e tratamento de todos os desequilíbrios energéticos que possam estar afetando o corpo físico, emocional e vibracional, muitas vezes utilizados como auxiliares terapêuticos em tratamentos farmacológicos ou não, estabelecidos por profissionais de saúde. A aromaterapia pode ser utilizada em conjunto com outras terapias ou de forma isolada, dependendo do estado do paciente e de qual o problema de saúde relacionado.
O uso não está liberado para todos, pessoas com hipertensão, grávidas, crianças com menos de 7 anos, idosos, epiléticos, cardíacos, pessoas com síndromes em geral e que tomam muitos remédios não devem recorrer aos óleos essenciais antes de passarem por uma avaliação criteriosa de um profissional habilitado. Também ressalto os cuidados com óleos essenciais com substâncias fotossensibilizantes (furanocumarinas), tais como tangerina, laranja, limão, podem causar queimaduras e alergias se após a aplicação sair se expondo ao sol, exceto se na embalagem estiver escrito Livre de Furanocumarinas (LFC), que assim os riscos de exposição ao sol seriam minimizados.
É preciso se atentar e conhecer as contraindicações, eu sempre repito que natural não é sinônimo de seguro e que todo cuidado é pouco!
Não é preciso ter medo ou deixar de usar achando que vai causar um problemão, mas sim entender que cada organismo tem sua particularidade, ou seja, mesmo que não esteja no grupo de risco ou exceção, pode haver reações.
Alguns cuidados devem ser tomados com os óleos essenciais. Temos que armazenar os óleos essenciais adequadamente, de preferência na geladeira (em caixas ou potes herméticos, longe da comida). Alguns óleos essenciais como os cítricos se degradam e oxidam facilmente, podendo causar reações na pele quando utilizados.
Se estragar ou degradar, não descarte, use-os na limpeza da casa e evite contato com sua pele. Os frascos devem ser de vidro âmbar. As misturas devem ser feitas de pouquinho em pouquinho, pra não estragar em grandes quantidades. Não deixe os frascos destampados ou deitados, guarde-os dentro de caixinhas e deixe sempre identificado, mantendo também longe de crianças. Usados com cautela os óleos essenciais podem ser grandes aliados na nossa qualidade de vida e bem estar físico emocional e mental.
*Karina Luckmann é farmacêutica especialista em Farmácia Clínica pela Faculdade Pequeno Príncipe (PR), Aromaterapeuta pelo Instituto Viver de Aromas, Especialista em Tecnologia de Cosméticos pela Faculdade Ibrate (PR), pós-graduanda em Farmácia Estética pelo Instituto Arel Iuga/CEGESP e pós-graduanda em Acupuntura pela Associação Brasileira de Acupuntura.