`Aedes` transmite novo vírus, alertam cientistas
Fonte: CFF / O Globo
O zika vírus foi descoberto esta semana em amostras de sangue de pacientes da cidade de Camaçari, a 41 quilômetros de Salvador
ta: 04/05/2015
Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia descobriram um novo vírus capaz de causar sintomas semelhantes aos da dengue. O zika vírus foi descoberto esta semana em amostras de sangue de pacientes da cidade de Camaçari, a 41 quilômetros de Salvador, coletadas por meio de uma técnica chamada RT- PCR.
O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, Aedes albopictus e outros tipos de aedes, mas ainda não havia sido detectado no Brasil ou na América Latina.
De acordo com o pesquisador do Instituto de Ciências da Saúde, Gúbio Soares, o paciente infectado pode apresentar sintomas como febre, diarreia, dores e manchas no corpo, além de sinais de conjuntivite. Os sintomas duram sete dias.
A doença tem acometido diversos moradores de Camaçari, Salvador, Feira de Santana e outros municípios da região. Segundo Soares, esta é uma descoberta inédita, mas a população deve ficar tranquila, já que o vírus é mais fraco e causa sintomas mais brandos.
— O zika vírus não é tão grave quanto a dengue ou o chikungunya. Não há risco de hemorragia ou morte. O quadro parece alérgico, é mais tranquilo e o tratamento é o mesmo — explica o pesquisador, lembrando que o paciente deve sempre buscar o posto de saúde e não se automedicar, caso apresente os sintomas.
Sobre a entrada do vírus no Brasil, Soares diz que isso já era esperado e pode ter acontecido durante a Copa do Mundo, no ano passado.
— Recebemos uma grande quantidade de turistas do mundo inteiro, sobretudo no Nordeste, em função das praias. Então, pode ser que o mosquito tenha picado algum paciente infectado.
MOSQUITOS TRANSGÊNICOS EM PIRACICABA
Enquanto isso, a cidade de Piracicaba ( SP) iniciou ontem a primeira fase de liberação do Aedes Aegypti transgênico, que não pica e nem transmite a dengue, para reduzir o número de transmissores da doença.
A cidade é a primeira do estado de São Paulo a utilizar a técnica, que é aplicada no bairro Cecap, onde há maior incidência de casos. Serão soltos 1 milhão de filhotes machos produzidos em laboratório por semana, e a previsão da prefeitura local é de que, em cinco meses, o projeto consiga reduzir até 80% dos mosquitos.
Segundo a Secretaria de Saúde, o município está com 977 casos de dengue, e o Cecap é o bairro com maior número de registros. De acordo com a Oxitec do Brasil, empresa responsável pela implantação do projeto, batizado como “Aedes do Bem”, ele vai afetar uma área de 54 hectares — equivalente a cerca de 65 campos de futebol — e uma população de 5,5 mil pessoas.
POSSIBILIDADE DE EPIDEMIA
O supervisor da Oxitec, Guilherme Trivelatto, afirmou que a liberação será feita em dez meses e, conforme o número de mosquitos transmissores da dengue forem diminuindo, a empresa também vai reduzir o número de Aedes transgênicos.
— Temos que acompanhar a curva; em cinco meses, esperamos que o número de mosquitos diminua, e aí vamos parar de soltar um milhão por semana também — disse.
De acordo com a Prefeitura, ontem foram liberados 100 mil mosquitos em uma cerimônia simbólica que contou com a presença de moradores do bairro. A Secretaria de Saúde admitiu ainda a possibilidade de entrar em epidemia de dengue, já que atualmente a cidade está com quase 300 casos para 100 mil habitantes, índice que caracteriza a situação endêmica e o estado de emergência.
O projeto havia sido adiado por conta de inquérito aberto pelo Ministério Público, que pediu a suspensão do mosquito transgênico. No entanto, após a administração municipal e a Oxitec apresentarem defesa, a soltura foi permitida.