Dia Internacional do Farmacêutico comemorado de um jeito diferente
Em Mato Grosso o Dia Internacional do Farmacêutico foi comemorado com um evento gratuito de educação continuada. Um público expressivo prestigiou a programação, com toda a Diretoria do Conselho presente, e o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Mato Grosso (CRF-MT), Alexandre Henrique Magalhães, agradeceu a todos pela presença, destacando a participação do presidente do presidente do Sindicato do Comércio Farmacêutico em Mato Grosso (Sincofarma-MT), Hamilton Teixeira, e das conselheiras regionais Gilmara Gruber, Tânia Trevisan e Carla Cenira. Vale lembrar que todas as entidades farmacêuticas, além dos profissionais farmacêuticos, foram convidados para o evento.
Coube à doutora Marinette Borges a primeira palestra da noite, sobre “Consultório Farmacêutico e Serviço de Vacinação em Farmácia: Uma Realidade Possível – da montagem ao funcionamento”. Ela foi uma das primeiras profissionais a se especializar nesta área em Mato Grosso, e disse que já tem uma clientela fidelizada, que, como frisou, já não são mais seus clientese sim pacientes. Conforme Marinette, a regulamentação da farmácia clínica e outras atribuições, como o serviço de vacinação, são avanços quje precisam ser comemorados tanto pela classe farmacêutica quanto pela sociedade.
“A clinicação foi uma inegável conquista para nós farmacêuticos, que no entanto devemos nos adequar e assumir esta novaconduta com muita responsabilidade e seguindo todas as recomendações do Conselho Regional de Farmácia e do Conselho Federal, bem como da Vigilância Sanitária. E a sociedade também foi beneficiada com estas novas atribuições do farmacêutico, do farmacêutico com a clinicação e o que a sociedade tem a ganhar com isso, pois o farmacêutico é o profissional da saúde que está mais próximo da população. Quando a pessoa está com algum sintoma, o mais simples que seja, geralmente vai até uma farmácia pedir ajuda, e em todos os estabelecimentos sempre tem um farmacêutico apto a tirar as dúvidas, orientar e ajudar. O farmacêutico está crescendo profissionalmente. Praticamente não temos mais clientes, agora temos pacientes. É um elo diferente que passamos a ter com a sociedade”.
Motivação
O presidente do CRF-MT, Alexandre Magalhães, que também é coach, ministrou a palestra de encerramento das atividades alusivas ao Dia Internacional do Farmacêutico, sobre “Como ser um Farmacêutico de sucesso nos dias de hoje – Superando Desafios”. Em sua apresentação ele procurou estimular não apenas o aspecto profissional, mas sobretudo a força interior de cada um, e pela reação da plateia o objetivo foi alcançado, porque tiveram momentos em que a emoção do público foi visível. As intensas risadas durante a fala do palestrante, por exemplo, também demonstraram que a interatividade foi estabelecida com pleno êxito.
Para Alexandre Magalhães, cada vez mais o farmacêutico tem seu papel reconhecido pela sociedade, e isso é algo que a categoria tem que comemorar todos os dias. “Há muitos avanços, muitas vitórias a destacar, começando pela consolidação da atividade clínica do farmacêutico”. A regulamentação do serviço de vacinação por farmacêutico foi outra conquista recente que ele define como um avanço fantástico. “Do mesmo modo podemos destacar o fortalecimento de outras áreas de atuação, como a massificação na oncologia e como a participação do farmacêutico nas análises clínicas, na saúde estética e na logística. Estamos consolidando o farmacêutico em diversas áreas, dentro do serviço público estamos tendo um aumento considerável de atuação, a tal ponto que as próprias prefeituras buscam a gente, pelas ações que o CRF e o CFF desenvolvem. Neste ano já recebemos a visita de representantes de vários municípios, que vieram ao Conselho para trocar ideias sobre a atuação na saúde. Conversamos com vários prefeitos e secretários de saúde sobre isso e estamos de portas abertas para todos os municípios que quiserem nos procurar e somar esforços no sentido de melhorar o atendimento à população”.
O avanço na judicialização também foi mencionado pelo presidente do CRF-MT. “O farmacêutico tem sido cada vez mais chamado a participar e tem mais participação nas demandas de judicialização da saúde, haja vista, por exemplo, que agora integramos o comite estadual de saúde, que discute as questões das demandas judiciais na área de medicamentos e de saúde, onde todos os processos judiciais de fornecimento de medicamento no estado passa pelas mãos de farmacêuticos para um parecer técnico sobre os medicamentos. Tudo isso vem consolidando a atuação do farmacêutico e a importância desse profissional para a sociedade”.
Mais segurança profissional
Falando especificamente da farmácia clínica, Alexandre Magalhães explicou que a atuação clínica faz parte da história farmacêutica, tendo em vista que os farmacêuticos sempre prestaram este serviço à população, mas a regulamentação trouxe uma nova roupagem com maior segurança para estes profissionais no setor. “É uma atividade que o farmacêutico exerceu a vida inteira. Porém a gente exercia de uma maneira empírica, e agora nós exercemos com critérios e métodos estabelecidos. A gente deu uma roupagem mais adequada. O farmacêutico já vinha atendendo os pacientes de uma maneira geral no balcão das farmácias, nos laboratórios de análises clínicas e dentro dos hospitais. Agora, com a regulamentação da atribuição clínica, o farmacêutico passou a ter o seu espaço, garantindo a privacidade do paciente e agindo de modo mais incisivo e de maneira técnica-científica com mais respaldo, tendo o prontulário farmacêutico e fazendo os encaminhamentos necessários. Essa roupagem nova,que é a regulamentação dos serviços clínicos, trouxe mais confiabilidade os serviços farmacêuticos, além de dar mais segurança para o farmacêutico em algo que ele já vinha fazendo porém até então sem regulamentação”.
Em Mato Grosso ainda não se tem notícia de unidades públicas com consultórios farmacêuticos, mas já existem 2 consultórios individuais, e também já existem consultórios regulamentados que funcionam dentro de estabelecimentos farmacêuticos, em Cuiabá, Campo Verde, Primavera do Leste, Sinop, Tangará da Serra, Rondonópolis e outras cidades do interior do Estado. Também já existem consultórios independentes, como em Cuiabá e Juína, mas, de acordo com o presidente do CRF-MT, de um modo geral os consultórios farmacêuticos em Mato Grosso ainda iniciando as atividades, buscando adequar-se para a atuação regulamentada.
Todo farmacêutico pode executar o serviço clínico, mas o presidente do CRF-MT alerta que se intitular farmacêutico clínico é uma coisa bem diferente. “Neste caso tem que ter uma pós-graduação. O serviço farmacêutico todos nós podemos fazer, lembrando que é importante que se tenha o respeito às resoluções do Conselho Federal de Farmácia bem como o respeito às normas sanitárias e à ética, e, principalmente, que a consulta farmacêutica não se dá dentro do arcabouço clínico, no balcão, e sim num ambiente que garanta a privacidade e a individualidade do paciente. Então, é importante frisar que eu não posso fazer serviço clínico no balcão, apesar que, empiricamente, as pessoas acabam pedindo uma pequena orientação, um pequeno acompanhamento, um cuidado Agora, ao falarmos em consulta farmacêutica e consulta clínica farmacêutica, em acompanhamento farmacoterapêutico, eu tenho que ter um espaço reservado para garantir a privacidade do paciente”.
Trabalho multidisciplinar
Muito embora o farmacêutico esteja conseguindo ampliar seu espaço de trabalho, Alexandre Magalhães considera fundamental a atuação em conjunto com os profissionais das outras áreas da saúde. “Isso é algo que eu sempre tenho muito claro dentro de mim. Sozinho ninguém vai a lugar nenhum, e o ser humano é uma máquina perfeita que no entanto precisa de ajustes e controle. Deus nos fez de modo perfeito, porém toda máquina gera desgaste com o uso frequente. O mau uso e também o bom uso geram desgastes. A gente precisa de manutenção, e os profissionais da saúde estão aí para fazer a manutenção e a recuperação dessas máquinas. Mas não tem como você cuidar de uma máquina tão complexa de uma maneira individualizada com uma única profissão. A área da saúde tem mais de 12 profissões separadas, e todas elas em conjunto devem agir para garantir o perfeito funcionamento da máquina humana. Sozinho a gente não consegue, e então não adianta eu querer achar que o farmacêutico pode fazer tudo sozinho, ou que apenas o médico é suficiente, e assim por diante. Cada um tem a sua parcela de responsabilidade, e todos juntos cuidam da máquina humana”.