Medidas de prevenção de erros de medicação
Data: 08/08/2017
Seja nas farmácias comunitárias, hospitais ou qualquer estabelecimento de saúde, o processo de trabalho de quem atua no ciclo de utilização do medicamento deve ser revisto e melhorado para evitar erros de medicação. É o que defende o especialista em Farmácia Hospitalar e representante brasileiro na Rede Internacional de Medicamento Seguro, Dr. Mário Borges Rosa. Ele fará uma palestra no dia 16 de novembro, no I Congresso Brasileiro de Ciências Farmacêuticas, em Foz do Iguaçu (PR). A ideia é levar orientações a profissionais da saúde para melhorar o atendimento aos pacientes e prevenir eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos.
Em sua palestra, o presidente do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos dará dicas para melhorar o processo de trabalho dos profissionais envolvidos nas etapas do uso de medicamentos. Nos hospitais, o ciclo de utilização do medicamento começa com a prescrição médica. Em seguida, a farmácia faz a dispensação para a enfermagem, que o administra. “Quando estudamos essas três etapas, notamos que há muito mais erros que imaginamos. E nós temos como atuar para prevenir esses erros”.
Em sua tese de doutorado, Mário estudou dois medicamentos considerados de alto risco: a heparina e o cloreto de potássio. “Nós avaliamos as prescrições do cloreto de potássio e vimos que em 97% delas faltavam orientações como a via de administração. No caso da heparina, em 75% das prescrições faltava alguma informação. “A prescrição médica precisa ser mais completa para que a farmácia de uma unidade de saúde possa fazer a dispensação correta e segura”.
Um dos problemas mais frequentes, identificado no estudo de Borges, é a desobediência aos horários da administração do medicamento. Prescrição e administração têm porcentagem maior de erros que a dispensação. Isso demonstra que o modo como os profissionais da saúde atuam nos hospitais não está de acordo com a complexidade dos medicamentos e do paciente. “Todos os agentes envolvidos são humanos e sujeitos a erros, mas nós temos que fazer com que a possibilidade de erros seja a menor possível. O processo de trabalho precisa melhorar, pois é aí onde entra a prevenção”.
Também serão repassadas orientações sobre atendimento ao paciente e sobre como avaliar e ajustar a prescrição às necessidades do paciente. “Se ele está numa farmácia comunitária, tem que se ver se o paciente entendeu a prescrição, se a dose está correta, qual é a doença ou situação que o levou a procurar aquele tratamento”. Outra preocupação é quanto aos efeitos adversos com o uso de medicamentos associados, além da necessidade de um cuidado maior com pacientes idosos, crianças, grávidas e lactantes e pessoas portadoras de problemas de saúde específicos. “Numa farmácia comunitária, por exemplo, o farmacêutico vai poder realizar a anamnese e elaborar a prescrição do medicamento de acordo com os parâmetros de racionalidade, segurança e efetividade”, afirma Borges.
O palestrante destaca a necessidade de os profissionais da saúde conversarem tanto sobre os erros já ocorridos como sobre os erros potenciais, para evitar novos eventos indesejados. Os erros mais graves acontecem com alguns tipos de fármacos específicos chamados medicamentos potencialmente perigosos. Por exemplo, “os anticoagulantes, os medicamentos derivados da morfina para dor, os medicamentos antidiabéticos, a insulina, todos esses podem causar muitos problemas ao paciente, quando acontece algum erro no ciclo de utilização”.
Tudo isso será apresentado aos congressistas que poderão levar suas dúvidas e experiências de trabalho para serem debatidas com o especialista e demais participantes. Inscreva-se em www.congressomundial.com.br
Desafio global da OMS: Uso Seguro de Medicamentos
Em março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o desafio global Uso Seguro de Medicamentos. De acordo com Borges, os motivos de a OMS ter destacado este problema mundial são vários. Saiba quais são assistindo ao vídeo chamada que o palestrante gravou para o site proqualis.net da Fiocruz: https://www.youtube.com/watch?v=wbZJ1BPruvw
Fonte: Comunicação do CFF
Autor: Murilo Caldas