Dia Mundial de Combate às Hepatites
O Dia Mundial de Combate às Hepatites é lembrado em 28 de julho. Dados da Organização Panamericana de Saúde mostram que as infecções por hepatite viral afetam cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo – mais de 10 vezes o número de pessoas infectadas com o HIV. Por ano, a enfermidade leva 1,4 milhões de pessoas ao óbito. Estima-se que apenas 5% das pessoas com hepatite crônica sabe que tem a infecção e menos de 1% dos pacientes tem acesso ao tratamento.
No entanto, as hepatites são evitáveis e tratáveis: há vacinas e tratamentos eficazes para a hepatite do tipo B e mais de 90% das pessoas com hepatite C podem ser curadas com o tratamento. De acordo com a entidade, a eliminação da hepatite como um problema de saúde pública pode ser alcançada até 2030 se as pessoas e países afetados por esta doença se equiparem melhor e treinarem os profissionais de saúde para “conhecer a hepatite”.
Para Alberi Adolfo Feltrin, que atende pacientes com hepatite C desde 2004, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, sempre foi fundamental que os farmacêuticos atuassem neste tipo de atendimento. “Ao começar o tratamento, realizamos uma entrevista inicial para verificar todas as situações e particularidades daquele paciente e para orientá-lo. E encontros realizados durante todo o tratamento serviam para verificar a ocorrência de reações adversas, que são muitas e frequentes, tentando resolvê-las ou minimizá-las, e para motivar o paciente para a continuidade da terapia”. Este trabalho era realizado no Centro de Aplicação e Monitorização de Medicamentos Injetáveis (CAMMI) até janeiro de 2016, quando foi incorporado o novo tratamento da hepatite C, que utiliza somente medicamentos orais. “Também acompanhávamos a efetividade do tratamento por meio de resultados de exames de carga viral e monitorávamos o paciente pelos seus exames de análises clínicas, sendo tudo registrado numa Ficha Farmacoterapêutica (prontuário farmacêutico)”, complementa.
Alberi Feltrin ressalta que também é necessária boa habilidade de escuta e de comunicação com os pacientes e demais membros da equipe, especialmente com os médicos. Os anos de experiência do Dr. Alberi guardam histórias de uma diversidade de pacientes, homens, mulheres, crianças e idosos, cada qual com suas particularidades e com a necessidade de serem vistos de forma integral e individualizada. “Muitas vezes houve necessidade de envolver as famílias, acionar cuidadores e encaminhar para outros serviços de saúde, devido ao impacto do tratamento na vida das pessoas. Era um tratamento muito agressivo, que debilitava os pacientes, com efeitos adversos que comprometiam bastante sua qualidade de vida”, lembra.
Até o final de 2015, o farmacêutico atendia principalmente pacientes com hepatite C com genótipo tipo 1 e cirrose hepática, tratados com inibidores de protease, interferon peguilado e ribavirina, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da hepatite C do Ministério da Saúde.
A hepatite C é um problema de saúde pública. O acompanhamento dos pacientes tem melhorado depois que foram criados os Centros de Aplicação e Monitorização de Medicamentos Injetáveis, mas estes serviços especializados são uma realidade apenas nos grandes centros e não conseguem atender toda a demanda. “Os resultados obtidos com o tratamento da hepatite C na “vida real” com as terapias que usamos até então são bem menores do que apresentavam os estudos clínicos”.
Feltrin afirma que o novo tratamento com os Antivirais de Ação Direta (DAA) pode trazer respostas clínicas melhores e facilita o processo de cuidado aos pacientes. “A terapia parece ser melhor tolerada pelos pacientes. No entanto, ressalto que continua sendo fundamental o monitoramento da adesão ao tratamento e o farmacêutico deve assumir este papel”.
Feltrin aconselha os profissionais interessados em trabalhar com estes pacientes a participarem de congressos de hepatologia e a obter experiência em consultórios farmacêuticos. “Desconheço a existência de especialização específica na área. No entanto, uma boa formação clínica é fundamental para os profissionais que querem atuar com pacientes portadores de hepatites”, finaliza.
Exemplos como o do farmacêutico Alberi Feltrin confirmam a importância da publicação da Resolução nº 585/2013 pelo Conselho Federal de Farmácia. “Regulamentar as Atribuições Clínicas do Farmacêutico foi mais um passo para incentivar os profissionais a atuarem nesse tipo de cuidado ao paciente, o que contribui essencialmente para melhorar a saúde pública no Brasil”, exalta o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João.
Fonte: Comunicação do CFF