Diretora mostra avanços e desafios da PNAF
Por: Luiz Perlato
Fonte: CRF-MT
Para Débora Melecchi, a assistência farmacêutica melhorou muito desde 2004.
Em sua palestra no primeiro dia oficina estadual de Mato Grosso, a presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul e diretora da Fenafar Débora Melecchi trouxe toda a história da política nacional de assistência farmacêutica.
Ela fez um resgate histórico sobre como era a assistência farmacêutica até 2004, e a partir de 2004, com a publicação da política. Ela procurou mostrar o que o Governo ofereceu para os estados, e como a assistência farmacêutica passou a ser configurada e realizada nas três instâncias.
O objetivo da palestra de Débora foi repassar informações para que os participantes tivessem subsídios, de modo que, junto com suas vivências e experiências, contribuíssem nos grupos de trabalho que foram formados.
Histórico
Para Débora, a assistência farmacêutica melhorou muito desde 2004. “Em 71 nós tínhamos a chamada Ceme, Central de Medicamentos que veio com o intuito de proporcionar preços acessíveis na compra de medicamentos para quem necessitasse. Ou seja: não era toda a população que teria direito e o acesso aos medicamentos. Além disso não havia uma discussão, por exemplo, de novas tecnologias, de produção de medicamentos que viessem a atender as necessidades da população, e muito menos que isso, nós tínhamos a participação do profissional farmacêutico inserido com os demais trabalhadores da saúde, de modo que pudéssemos atender as necessidades dos pacientes ou de um usuário da saúde”.
Foi um processo acumulativo de discussões, conforme Débora, que culminou com o movimento da reforma sanitária e a realização da oitava conferência nacional de saúde no ano de 1986″, disse ela, acrescentando que foi um grande marco. “Tivemos um salto de qualidade importantíssimo no Brasil, e construímos a partir daí o Sistema Único de Saúde, que nos trás critérios de igualdade, de universalidade e de integralidade. Toda a população brasileira passou a ter direito à saúde, e nesta ótica também passou a ter direito à assistência farmacêutica, que é muito mais que ter o acesso ao medicamento nos pontos de dispensação. É uma lógica de um conjunto de outras políticas, desde à produção, incluindo também o olhar para recursos humanos, que vem com essa intenção de atender de fato as demandas e as necessidades do povo”.
Desafios
Mas segundo ela muitas coisas ainda precisa ser melhorado, começando pelos financiamentos. “Nos últimos dois anos estamos travando uma grande luta pelo repasse dos 10% da receita bruta da União para a saúde. É um processo difícil mas fundamental, para que a gente consiga ter um plus de atendimento no setor de saúde”.
Outra questão fundamental, de acordo com Debora, é que os trabalhadores se vejam como participantes do processo da assistência farmacêutica. “Porque a política da assistência farmacêutica não propõe que a responsabilidade seja centrada no farmacêutico, ele é um dos trabalhadores que, junto aos demais, é que vão fazer esse atendimento integral, dentro das necessidades dos usuários do SUS. Então, esse é um desafio muito importante, tanto do próprio farmacêutico que está no setor privado e se veja como protagonista desse processo, como também os nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, médicos. Portanto, esse trabalho de equipe multidisciplinar é fundamental e compõe o objetivo da assistência farmacêutica, que nada mais é do que a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro”, explica Débora.