Comunidade indígena Haliti-Paresi inaugura primeira Farmácia Viva em Campo Novo dos Parecis
O uso de plantas para tratar doenças é tão antigo quanto a história da humanidade, mas saber conservar e usar cada tipo é fundamental para garantir que o medicamento funcione. Foi pensando nisso, que a farmacêutica indígena, Dra. Valdeiza Avelino Ozanaezokero idealizou o projeto ‘Farmácia Viva’ na aldeia Wazare, em Campo Novos dos Parecis, no último domingo (30.04).
A proposta da Farmácia Viva visa colaborar beneficamente com a saúde da aldeia e da população do município. O acesso às plantas medicinais ocorrerá mediante a prescrição clínica da farmacêutica, seguindo o método Fitoclin.
Os interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (65) 99663- 8174, ou ir pessoalmente a aldeia que fica localizada na Rodovia BR 364, KM 837, (referência Minuano), entra na estrada Nova Fronteira, mais 22 quilômetros a direita (referência placa Wazare), às margens do Rio Verde, Terra Indígena Utiariti, em Campo Novo do Parecis.
A Dra. Valdeiza Avelino Ozanaezokero, conta que atua na saúde indígena e viu a necessidade de implantar esse projeto por meio das plantas medicinais. Com isso, será possível desenvolver várias ações. “A farmácia viva deriva da política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos e tem como grande intuito absorver e aperfeiçoar o conhecimento popular e tradicional e a regionalidade relacionada ao uso de plantas medicinais na cura e tratamento de doenças, além de incorporar nesse processo produtivo, barreiras de qualidade e segurança para garantir a eficácia desses fitoterápicos”, explica a profissional.
A conselheira regional e secretária geral do CRF-MT, Dra. Isanete Bieski destaca que nos últimos anos, com o avanço dos estudos científicos, a fitoterapia ganhou papel de destaque como produto complementar na terapêutica, e com a aprovação da Polícia Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e para facilitar a implementação nos municípios do Brasil foi instituído o Brasil a Farmácia Viva, um modelo criado pelo professor Dr. Matos na década de 90.
A farmácia viva visa a produção dos fitoterápicos seguindo as etapas do cultivo, colheita, conservação e utilização de plantas medicinais que são selecionadas por sua eficácia e segurança terapêutica e validadas cientificamente, no SUS do Brasil.
“O papel do farmacêutico na Fitoterapia vai além da orientação e dispensação da planta in natura para as pessoas, sobre a forma correta de preparar. Com a resolução 586/13 a fitoterapia pode ser uma importante ferramenta na atuação clínica do farmacêutico no consultório, com a prescrição de vários fitoterápicos”, destaca Isanete Bieski.
Segundo Valdeiza esse projeto é de suma importância porque vai orientar, levar conhecimento à população, as pessoas vão saber o que está usando, para que está usando e na dosagem correta.
Estiveram presentes na inauguração as seguintes autoridades, o presidente do Conselho Distrital da Saúde Indígena Vanildo Ariano Kezo, Evandro Zenazokemae do Polo Base de Tangará, a chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena Gleice Gomes, o presidente da Associação Waymare Edson Kazumazakae, o presidente da Coopiparesi Lucio Avelino Ozanazokaece, o chefe da coordenação técnica local da Funai Joelson Avelino Kinizokemaece e o cacique da aldeia Wazare Rony Azoynaece.
Histórico do projeto Farmácia Viva
O projeto Farmácia Viva foi criado na década de 90 pelo professor cearense Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), e a Prefeitura de Fortaleza foi uma das primeiras a implementar o projeto. A ideia de diminuir os custos dos medicamentos e informar a população sobre plantas de fácil acesso foi ganhando força entre as cidades brasileiras. Em 2010, o projeto foi instituído pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) como parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares na área de fitoterapia.
Lembrando que o farmacêutico atua intensamente nas Farmácias Vivas no SUS, onde o profissional seleciona, extrai e prepara vários medicamentos e fórmulas farmacêuticas para atendimento à população.
Por meio das Farmácias Vivas, o paciente tem acesso ao tratamento fitoterápico gratuito de diversas patologias, com o uso de plantas medicinais. No entanto, para o uso correto e seguro de qualquer medicamento, mesmo os fitoterápicos, é necessária a devida orientação. Por isso, procure sempre o seu farmacêutico!