Câncer Bucal: Diagnóstico precoce pode salvar vidas
Hábitos simples e saudáveis como boa higiene da boca, não beber e não fumar pode ajudar a reduzir incidência do câncer bucal. Mesmo escondidos por trás da máscara, bochechas, lábios, gengivas e língua merecem atenção especial.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o Câncer Bucal é mais comum em homens com idade acima dos 40 anos. Neste ano, a estimativa do INCA é de 15.190 novos casos no país, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres.
Em comemoração a Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal, que vai de 01 a 07 de novembro, o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT) reforça a importância do diagnóstico precoce como fator principal para cura da doença. O Conselho aproveitou para entrevistar a cirurgiã-dentista, Yolanda Barros sobre o assunto.
O presidente do CRF-MT, Iberê Ferreira da Silva Junior explica que o farmacêutico desempenha um importante papel para a edificação de um novo modelo de atenção à saúde, onde ele pode estar colocado como profissional do medicamento, atuando como referência na orientação, cumprimento, acompanhamento e monitoramento da terapia farmacológica.
Dra. Yolanda Barros é mestre em Ciências Odontológicas pela Universidade de Cuiabá, especialista em pacientes especiais pela Escola de Saúde Pública de Cuiabá. Professora da Faculdade de Odontologia da Universidade de Cuiabá e responsável pelo Serviço de Fissuras Lábio Palatinas do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá.
É possível diagnosticar precocemente o câncer bucal?
Sim, para tal deve-se fazer o autoexame bucal e, em caso de dúvidas, consultar um cirurgião-dentista ou médico para diagnóstico preciso.
As pessoas precisam ficar atentas se apresentarem alguns sintomas como: lesão que não cicatriza normalmente em até sete dias, apresentar dificuldade de deglutição, perda de peso, entre outros.
Qual o câncer bucal mais frequente?
Os cânceres bucais com maiores frequências são o câncer de língua e de lábios. O fumo, combinado com o excesso de bebida alcóolica, é um dos principais fatores de risco.
Como o farmacêutico pode orientar as pessoas que relatam problema com feridas na boca?
O farmacêutico por ser da área da saúde e por atender esses pacientes primeiro nas farmácias e drogarias, ele pode orientar essas pessoas a buscar o atendimento em uma Unidade de Saúde Básica.
Como é feito o diagnóstico do câncer bucal?
O diagnóstico é feito através de uma biopsia, que é a retirada de um fragmento da lesão suspeita e envio a um especialista para análise e diagnóstico.
Qual a importância do farmacêutico na saúde bucal?
O papel do farmacêutico passa pelo atendimento e aconselhamento da população. Muitas vezes, são estes profissionais que prestam a primeira orientação sobre os remédios, ainda no balcão das farmácias e drogarias.
Este profissional da saúde é capacitado a orientar os pacientes, principalmente com o intuito de educar e instruir sobre todos os cuidados da saúde bucal. Além disso, o farmacêutico colabora até na motivação do cumprimento do tratamento e pode auxiliar com a orientação sobre os efeitos adversos dos medicamentos. Cabe a ele ainda, orientar, por exemplo, a substituição de um medicamento pelo seu genérico de forma adequada.
Algumas pessoas podem ter maior probabilidade de desenvolver o câncer bucal?
Sim, principalmente aqueles que se utiliza de forma exagerada do tabaco e de bebidas alcoólicas.
Existem lesões bucais que não são câncer?
Sim, existem muitas lesões bucais que não são câncer, mas mesmo assim elas precisam ser diagnosticas e tratadas a tempo. Por exemplo, as aftas bucais, tuberosidades maxilares e mandibulares, grânulos de Fordyce e não são lesões cancerígenas.
Como se faz o autoexame bucal e o que as pessoas devem procurar?
Pode ser realizado em frente ao espelho, em um local com boa iluminação. Deve-se inspecionar e palpar todas as estruturas bucais (lábios, língua, bochecha e o pescoço).
Durante o autoexame, os principais indícios a serem observados são: Feridas que permanecem na boca por mais de 15 dias; Caroços (principalmente no pescoço e embaixo do queixo); Mobilidade dental acentuada sem causa aparente, sangramento espontâneo, halitose, endurecimento ou perda de mobilidade da língua. Normalmente o câncer é indolor, mas é importante ressaltar que a dor pode ser um sinal de lesão avançada.
Quais os sinais ou lesões da boca que as pessoas devem se preocupar?
Qualquer ferida que não cicatrize e que sangre facilmente, placas brancas que não desaparecem, aumentos de volume ou úlceras da cavidade bucal, língua e palato. Dificuldade para engolir, dentes moles sem causa aparente. Nestes casos, procure auxílio de um profissional da saúde o mais rápido possível.
Confira alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver câncer de boca:
Fumo: usuários de tabaco representam 80% dos casos de câncer de boca e o risco é proporcional à quantidade de fumo consumida. A chance de essas pessoas desenvolverem câncer de boca é de seis a 16 vezes maior que entre os nãos fumantes.
Álcool: o consumo de bebidas alcoólicas é um fator de risco importante, principalmente, entre os chamados bebedores pesados, que bebem mais de 21 doses de álcool por semana. O risco é seis vezes maior para quem não bebe. Além disso, o álcool potencializa a ação do tabaco.
Idade: o risco de câncer bucal aumenta com a idade.
Sexo: dois terços dos pacientes são homens.
Sexo oral e HPV: a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) pode causar câncer de boca. Por isso, é importante usar preservativo durante a prática.
Irritações da mucosa bucal: dentaduras, pontes e coroas precisam ser avaliadas periodicamente pelo dentista; as dentaduras devem ser removidas e limpas todas as noites.
Imunossupressão: pessoas que tomam drogas imunossupressoras, para evitar a rejeição de um transplante, por exemplo, também podem ter risco aumentado para câncer de boca.
Exposição ao sol: grande parte dos pacientes com câncer de lábio são os profissionais que trabalham ao ar livre, expostos à radiação ultravioleta do sol. Protetor labial com filtro solar ajuda na prevenção.
Alimentação: dietas pobres em frutas, legumes e verduras também estão associadas ao maior risco de câncer de boca.