Farmacêuticos alertam sobre automedicação de uso indiscriminado de antibióticos
Espirrou? Toma antibiótico! Tossiu? Toma antibiótico! Infecção Urinária? Toma antibiótico! Dor de garganta? Toma antibiótico! É comum ouvirmos essas indicações, geralmente feitas por leigos. O uso desenfreado de antibióticos pode trazer uma série de problemas para a sua saúde e a da população em geral.
A farmacêutica do Núcleo de Apoio ao Farmacêutico (NAF), Karina Luckmann do Conselho Regional de Farmácia (CRF-MT), destaca que o uso irracional e indiscriminado de antibióticos é responsável por selecionar “superbactérias”, que têm maior capacidade de resistir ao tratamento proposto, tornando a infecção mais difícil de ser resolvida e, por vezes, até mesmo incurável.
O relatório de 2018 da Organização Mundial de Saúde (OMS), que trata sobre a vigilância de consumo de antibióticos no mundo, aponta que o Brasil é o país da América Latina com a maior taxa de consumo por dia: 22,75 doses para cada mil habitantes, o que eleva o nosso consumo a mais de 1,7 bilhão de doses. O segundo lugar nessa lista é a Bolívia, com 19,57 doses diárias/1000 habitantes.
O presidente do CRF-MT, Iberê Ferreira da Silva Junior explica que o objetivo do Conselho é orientar e conscientizar a população, os profissionais de saúde e gestores públicos sobre a resistência microbiana causada pelo uso indiscriminado destes medicamentos.
Iberê explica que o alto consumo de antibióticos pode levar, além da resistência ao medicamento, a problemas graves no aparelho digestivo e outros órgãos do corpo humano, podendo levar o paciente a óbito. “Evitar a automedicação é importante, pois, além de prevenir a resistência antimicrobiana, impede a evolução de uma doença infecciosa já existente”.
Karina relata que embora os pacientes que fazem uso indiscriminado de antibióticos não apresentem sintomas clássicos, é possível identificá-los. “A resistência antimicrobiana é um desafio que deve ser reconhecida e combatida por toda a população, e o uso consciente de antibióticos é fundamental para que possamos mudar a perspectiva e conter esta ameaça”, alerta a farmacêutica.
Dados mundiais
Se medidas não forem tomadas, estimativas indicam que em 2050 uma pessoa morrerá a cada três segundos em consequência de agravos causados por resistência aos antimicrobianos, o que representará 10 milhões de óbitos por ano, ultrapassando a atual mortalidade por câncer (8,2 milhões de mortes/ano).
Pandemia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está preocupada com o aumento do uso inapropriado de antibióticos, no combate à Covid-19. Ela alerta para um número preocupante de infeções bacterianas que estão se tornando cada vez mais resistentes aos medicamentos.