Consultório farmacêutico: fazendo a diferença
O trabalho realizado na Unidade de Saúde João Câncio, no município de Castanhal (PA) tem feito a diferença no tratamento de pacientes. Uma das metodologias utilizadas pelos profissionais de saúde tem sido a realização de oficinas. Esses encontros contam com a participação de pacientes polimedicados e com problemas como diabetes, hipertensão e colesterol alto. O trabalho consiste na avaliação de receitas e confecção de caixas organizadoras, com material reaproveitado, para melhor armazenamento dos medicamentos. Quem conduz esse trabalho é a farmacêutica Crystyanne de Sousa Freitas.
A especialista em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica conta que a atividade é realizada de forma multidisciplinar em parceria com os demais profissionais da unidade, como enfermeiros e assistentes sociais. “No momento de fazer a divisão dos medicamentos, de colocar o nome dos medicamentos, a tomada e o horário, cada paciente, individualmente, tem a sua farmacoterapia avaliada. Nós vamos montando a melhor forma de organizar os medicamentos. Se o paciente for analfabeto é preciso colocar imagens para que ele consiga compreender o horário que ele tem que tomar a medicação e, dessa forma, conseguimos ter uma melhor resposta e adesão ao tratamento “, relata.
Durante o atendimento na unidade de saúde onde trabalha, a farmacêutica identificou vários erros que prejudicam a adesão ao tratamento e colocam em risco à saúde dos pacientes. São casos de duplicidade de medicamentos, confusão em relação às cores, receitas ilegíveis e até mesmo dificuldade de se adaptar ou para compreender o tratamento. “Existem casos que o médico prescreve de oito em oito horas. E o paciente acaba tomando oito da manhã e oito da noite. Em outros casos, em que ele coloca uma vez ao dia, se não determinar o horário esse paciente pode tomar um dia de manhã e em outro dia à noite e se for um paciente hipertenso ele pode ter picos de pressão devido a esse horário da medicação. “, explica.
Crystyanne de Sousa Freitas também relata casos de sucesso de paciente que tiveram a glicemia controlada após a intervenção farmacêutica. Ela destaca ainda que muitos pacientes com diabetes enfrentam dificuldades para aplicar de forma correta a insulina e precisam de orientação para tomar o medicamento de forma correta em conjunto com a alimentação.
“No caso do paciente diabético, a medicação precisa em alguns casos ser tomada em jejum, se esse paciente toma essa medicação em jejum e se, logo após, ele não faz uma alimentação ele pode ter picos de hipoglicemia e, também, vim a óbito. Então a gente precisa orientar esse paciente sobre o horário correto”.
A especialista também reforça a importância da atuação do farmacêutico na atenção básica em parceria com outros agentes de saúde. “Eles são a ponta diretamente com o paciente. Então a partir do momento que a gente traz esse time para nós, forma uma aliança e uma parceria com eles nós conseguimos montar uma melhor assistência farmacêutica para o paciente. Eles conseguem captar os pacientes que não têm a doença controlada e diante disso eles oferecem o serviço farmacêutico,” ressalta.
Ela conta que as consultas farmacêuticas agendadas duram entre meia e uma hora. Durante o encontro são feitas avaliações sobre a condição de saúde, sobre a farmacoterapia e a rotina do paciente.
“A partir desse momento eu agendo uma consulta farmacêutica e paciente e vem à unidade. Nessa primeira visita eles trazem os exames e as últimas receitas, e fazemos uma anamnese com paciente, utilizando o método SOAP – que é o método que a gente utiliza na farmácia clínica – tentando sempre passar para o paciente a segurança. Fazer com que o paciente confie no nosso trabalho. Dessa forma a gente consegue ter uma melhor resposta do tratamento e também uma relação de parceria entre farmacêutico e paciente.”
Crystyanne de Sousa Freitas reforça a importância de usar medicamentos somente sob a orientação de um profissional da saúde e do farmacêutico. A questão do uso racional de medicamentos é, inclusive, uma preocupação mundial. Em 2017 a Organização Mundial de Saúde lançou um desafio global para a redução pela metade dos danos graves e evitáveis associados a medicamentos em todos os países nos próximos cinco anos.
Fonte: Comunicação do CFF