Acadêmicos de Farmácia estudam plantas medicinais do CRF-MT
Os alunos do curso de Farmácia da Universidade de Cuiabá tiveram ontem (quinta-feira 18) uma aula prática diferente da que estão habituados.Sob a orientação da professora de fitoterapia e farmacognosia Ivana Maria Póvoa Violante, eles foram a campo, junto ao Conselho Regional de Farmácia (CRF-MT), para fazer uma coleta de plantas medicinais. Para isso, contaram com o auxílio de Devanil Rosa Fernandes, funcionário do Conselho e graduando em farmácia com especificidade em Fitoterapia. Ele tem experiência na coleta de plantas, uma vez que exerce atividades nessa área com comunidades.
“Observamos a importância dos alunos irem a campo verificar, dentro do controle de qualidade, os critérios que devem ser observados durante a coleta adequada de uma espécie vegetal. Tudo isso visando um produto final, que é a obtenção de uma droga vegetal ou de um derivado, ou mesmo a produção de um fitoterápico”, explica a professora Ivana, acrescentando que tudo se inicia com a escolha de qual espécie plantar.
“A partir daí, com uma certificação de sementes e mudas, depois do plantio se observam todos os critérios inerentes à coleta de plantas, inclusive a localização do plantio, que deve ser longe de estradas e outros locais em que ocorre a liberação de gases, como monóxido de carbono, no meio ambiente. Durante a coleta também é importante verificar o tempo e o horário de coleta, que não deve ser depois das 10h da manhã até às 4h da tarde. Além disso, quando se faz a coleta é preciso observar se realmente a parte coletada é aquela desejada: se vou fazer uma coleta de folhas, devo verificar se estou utilizando o farmacógeno ideal para a coleta”.
De acordo com a professora Ivana, às vezes se acaba coletando outras espécies, que não são aquelas pretendidas, ou são colhidas com muita terra, e isso também pode ser m problema porque algumas espécies vegetais não devem ser lavadas.
Com seus três biomas, que são a Floresta Amazônica, os Cerrados e o Pantanal, quando se fala em fitoterápicos Mato Grosso possui matéria-prima em abundância. “O Cerrado tem uma biodiversidade e um grande potencial para a produção de diversos medicamentos. Devido à falta de incentivos dos órgãos públicos, até hoje não foi desenvolvido nenhum fitoterápico com plantas de Mato Grosso, mas a Universidade Federal de Mato Grosso e muitos pesquisadores têm trabalhando a finco para se conseguir isso, com pesquisas científicas e testes in vitro e in vivo”, disse Ivana.
Entre as plantas existentes no pátio do CRF-MT tem a Cordia verbenacea, também conhecida como Erva-Baleeira, que é um antiinflamatório natural. Trata-se de uma espécie que originou um dos primeiros fitoterápicos aprovados no Brasil, que é o acheflan, do laboratório aché. “Esta planta foi exaustivamente estudada e possui uma propriedade antiinflamatória muito potente”, concluiu a professora.